Jornal Estado de Minas

Concluída a disputa nas urnas, Dilma prepara a reforma ministerial

O PMDB de Chalita e o PSD de Kassab vão levar uma pasta cada um

Paulo de Tarso Lyra, Juliana Braga e Leandro Kleber
"Todos comungamos do mesmo objetivo de fazer uma parceria em torno de todos os temas de interesse de São Paulo, e esse assunto é presente nas nossas conversas" - Fernando Haddad (PT), prefeito eleito de São Paulo - Foto: Sérgio Lima/Folhapress A presidente Dilma Rousseff vai promover duas mudanças na Esplanada dos Ministérios para reacomodar a base após as eleições municipais e iniciar a caminhada rumo à reeleição em 2014. Os dois novos espaços serão ocupados pelo PMDB de Gabriel Chalita (SP) e pela adesão do PSD ao governo federal. No caso de Chalita, os peemedebistas ouviram a sinalização de que ele iria para o Ministério da Ciência e Tecnologia, pasta ligada à área de educação e ocupada por um técnico, Marco Antonio Raupp. Para o PSD, o espaço será definido em uma conversa da presidente com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Uma das grandes vitoriosas nas urnas com a eleição de Gustavo Fruet (PDT) para a Prefeitura de Curitiba, a chefe da Casa Civil, ministra Gleisi Hoffmann, permanecerá na Esplanada até 2014, quando deve retomar o mandato de senadora para concorrer ao governo do Paraná contra o tucano Beto Richa. Ela deixará o governo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, nome cada vez mais forte no PT para concorrer ao governo de São Paulo. As chances dele aumentaram após a vitória de Fernando Haddad para a prefeitura paulistana.

A adesão do PSD ao governo, apesar de ser um desejo da presidente, ainda precisa ser mais bem articulada. Não existe uma pasta na Esplanada pronta para receber o partido de Kassab. Pelos corredores palacianos especula-se que a legenda poderia ocupar o ainda inexistente Ministério da Micro e Pequena Empresa. Três nomes são cotados para indicação por Kassab: o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos; o presidente da Confederação Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Safady Simão; e a senadora Kátia Abreu (PSD-TO).

Nenhum dos três nomes é de fácil viabilização. Afif é o vice do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Ele sempre defendeu a manutenção da aliança com o PSDB, mas Kassab já avisou que essa parceria não se repetirá em 2014. O prefeito demonstrou seu descontentamento com o uso da máquina estadual em Ribeirão Preto para tentar eleger o deputado Duarte Nogueira (PSDB) contra a pessedista Dárcy Vera, que saiu vitoriosa. Kassab afirmou que o PSD estará ao lado do PT em 2014 na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.

Reaproximação

A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) é amiga de Dilma, mas expôs uma divergência com Kassab ao criticar a intervenção do diretório nacional do partido a favor da candidatura de Patrus Ananias (PT-MG) em Belo Horizonte. Mesmo que esse episódio seja superado com a reaproximação entre a senadora e o presidente do PSD, ela ainda terá que renovar o mandato em 2014, o que faria com que permanecesse na Esplanada pouco mais de um ano. “Quando Dilma escolhe um ministro, não escolhe para ser temporário, escolhe para resolver os problemas”, disse ao Estado de Minas um assessor palaciano.

Safady Simão também é próximo da presidente, especialmente pela atuação no Minha Casa, Minha Vida. Mas como a intenção do Planalto é compensar o partido pelo “bom comportamento”, a tendência é de escolha de alguém mais político.

O pós-eleição também mantém o pranto e ranger de dentes de aliados insatisfeitos.  Tanto o PMDB quanto o PT mineiro querem ser recompensados, apesar da derrota para o PSB de Marcio Lacerda. Existe uma boa vontade com Patrus, mas precisaria ser criado um espaço para ele. Patrus não sofreria vetos de Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, já que Dilma selou uma paz entre ambos, promovendo a candidatura de Patrus a prefeito de Belo Horizonte e amarrando com a candidatura de Pimentel ao governo de Minas em 2014.

Enquanto isso, trocas no Congresso

As eleições municipais vão  provocar uma reacomodação de forças no Congresso. Em fevereiro serão eleitas as mesas diretoras da Câmara e do Senado, que devem ficar nas mãos do PMDB, com Henrique Eduardo Alves (RN) e Renan Calheiros (AL), respectivamente. A presidente Dilma Rousseff promoverá mudanças nas lideranças do governo. Na Câmara, o petista Arlindo Chinaglia (SP) deu sinais de cansaço. Como quer voltar a ser presidente da Casa, tem dito a interlocutores ser muito difícil ser líder do governo Dilma e dizer não o tempo todo a “possíveis futuros eleitores”. No Congresso, a avaliação é de que o senador José Pimentel (PT-CE) é fraco. Como o governo perdeu o vice-líder no Congresso, deputado Gilmar Machado (PT-MG), eleito para a Prefeitura de Uberlândia, existe a necessidade de indicação de nomes com mais peso para as duas vagas.