A cúpula do PT deve divulgar nesta quinta-feira um manifesto com críticas incisivas ao que chama de “politização” do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A primeira versão da nota, a ser submetida à Executiva Nacional do partido, diz que “teses” construídas pelo STF abandonam a cultura do direito penal que garante as liberdades individuais. O documento preliminar afirma, ainda, que houve pressão da mídia para influenciar o resultado do julgamento.
“A minha expectativa é que eles não sejam condenados a penas privativas de liberdade”, afirmou nesta segunda-feira (29) o deputado Rui Falcão, presidente do PT. “Todos eles têm serviços prestados ao País.” Falcão negou que a nota a ser divulgada pelo PT contenha a defesa da regulação da mídia. “Não vamos tomar esse debate como revanche”, afirmou ele. “Isso seria tolice.”
O presidente do PT disse ser difícil mensurar o impacto do julgamento do mensalão nas candidaturas do partido. Apesar de comemorar a vitória de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo e a expressiva votação da legenda - que governará 27,6 milhões de eleitores -, Falcão declarou que “se não fosse essa campanha (pela condenação dos réus do mensalão), poderíamos ter obtido resultados ainda melhores”.
Embora o estatuto do partido determine a expulsão de filiados condenados pela Justiça, a norma não será aplicada no caso dos réus do mensalão. Dirigentes do PT alegam que Dirceu, Genoino, Delúbio e João Paulo são “prisioneiros políticos” de um “tribunal de exceção”.
Na avaliação da cúpula do PT, o STF julgou os réus “sob pressão dos grandes meios de comunicação” que, por sua vez, instigaram a opinião pública contra os acusados. “O ministro que deu voto diferente dessa posição passou a ser achincalhado na rua. É um escândalo e um acinte um ministro ter sido tratado assim quando foi votar”, insistiu Vargas.