A queda de braço em relação ao projeto que trata dos royalties do petróleo entrou em um novo e complicado round. Apesar de o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), ter colocado a proposição na pauta do plenário, mesmo sem consenso, a matéria pode não ser apreciada hoje. A pauta está trancada pela Medida Provisória 574, que concede a estados, municípios e Distrito Federal parcelamento de débitos com o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) vencidos no ano passado. A análise da MP, que deveria ter ocorrido ontem, foi adiada para hoje e a bancada do Rio de Janeiro promete obstruir a votação, o que atrapalharia o debate sobre os royalties.
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Prazo de 20 dias para um acordo sobre os royalties do petroleoGoverno prefere construir um acordo para depois votar projeto dos royalties, diz ChinagliaMesmo sem consenso, Marco Maia promete iniciar votação dos royalties esta semanaPNE e royalties do pré-sal são prioridades do governo no Congresso até o fim do anoVotação dos royalties do petróleo será o primeiro teste de Dilma depois das urnasCâmara adia votação da partilha dos royaltiesLíderes da base fecham acordo e adiam votação dos royalties do petróleoMarco Maia reitera que negociações sobre votação de royalties é assunto da CâmaraMaia critica possível obstrução da base aliada na votação dos royalties do petróleoNo momento, a discussão diz mais respeito a diferenças de interesses entre estados do que entre governo e oposição. O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), já anunciou que o partido votará a favor do relatório elaborado pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que faz poucas alterações em relação ao texto aprovado no Senado. Caso o relatório passe pelo plenário, ele volta para o Senado, onde serão discutidas as emendas propostas pela Câmara. Senão, fica valendo a versão do Senado, que segue direto para sanção da presidente Dilma Rousseff.
Diante de tantos interesses, dificilmente o projeto será aprovado ainda nesta semana, como gostaria Marco Maia. “É uma pauta naturalmente difícil para ser votada, porque há divergências que são insuperáveis. É uma disputa regional”, afirmou Arlindo Chinaglia. Além de não definir o destino dos royalties, o impasse ainda afeta estados e municípios interessados na aprovação da MP 574, que acabou virando a principal arma da bancada do Rio para postergar a discussão sobre a redistribuição dos recursos do petróleo.
Antes dessa discussão, porém, é preciso aprovar a MP 574. Prefeitos que tomarão posse em janeiro têm interesse em estender o prazo de parcelamento de débitos com o Pasep de 28 de setembro deste ano para 31 de dezembro de 2013. A medida provisória caduca no início de novembro. Caso outras MPs não tranquem a pauta novamente e o projeto seja aprovado, só restará à bancada do Rio de Janeiro apelar à Suprema Corte. É tudo que o governo não quer.
A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, esteve na Câmara para tratar do assunto e conversou com o relator sobre a possibilidade de incluir no texto do projeto a destinação de parte dos recursos para a educação. “Se há um Plano Nacional de Educação que pretende aumentar os investimentos em até 10% do PIB, é muito importante que seja garantido de onde esses recursos virão, e a questão dos royalties do pré-sal poderia ser essa fonte”, disse Ideli.