Jornal Estado de Minas

Justiça bloqueia bens da turma de Cachoeira

Juiz de Goiânia impede a venda de patrimônio avaliado em R$ 81 milhões em nome de 21 pessoas físicas e empresas e suspende atividades bancárias de uma indústria farmacêutica

João Valadares
Casa comprada pelo contraventor em condomínio de luxo em Goiânia está entre os bens sequestrados - Foto: Weimer Carvalho/Jornal O Popular -17/5/12
A pedido do Ministério Público Federal, o juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Criminal de Goiânia, determinou o sequestro de vários apartamentos de alto padrão, sete veículos de luxo, um avião e fazendas pertencentes à organização criminosa comandanda pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O patrimônio bloqueado, avaliado em R$ 81 milhões, está em nome de 21 pessoas físicas e empresas fantasmas ligadas ao contraventor. A Justiça ordenou ainda o bloqueio de todas as contas bancárias, aplicações e ativos financeiros, com o sequestro dos saldos existentes, da empresa Vitapan Indústria Farmacêutica Ltda., registrada no nome de Andrea Aprigio de Souza, ex-mulher de Cachoeira.
Além disso, em sua decisão o juiz Alderico Rocha Santos indisponibilizou todas as cotas societárias da Vitapan, com a devida proibição de suas transferências a terceiros: “Determino o imediato bloqueio dos saques, resgates, retiradas, pagamentos, compensações e quaisquer outras operações que impliquem liberação de valores acima de R$ 8 mil.” O mesmo procedimento foi adotado em relação à empresa fantasma Alberto e Pantoja Construções, que recebeu recursos da empreiteira Delta, no foco do escândalo.

O procurador da República Daniel de Resende Salgado, um dos responsáveis pela desarticulação da quadrilha a partir das investigações da Operação Monte Carlo, explicou que, em março, o Ministério Público já havia requerido o bloqueio de alguns bens. No entanto, a instituição fez um cruzamento de dados e verificou que a Justiça tinha realizado o sequestro de apenas alguns deles. A lista completa de bens englobava 167 imóveis e um avião, avaliados em R$ 141,6 milhões, registrados em nome de 29 pessoas e três empresas fantasmas da quadrilha do bicheiro.

Em setembro, a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga as ações do bicheiro e que deve encerrar os trabalhos no fim do ano – requerimento feito pela base ontem solicita o adiamento dos trabalhos, que terminariam no domingo, por 48 dias – pediu o sequestro do patrimônio e o depósito em juízo dos 81 denunciados pelo Ministério Público Federal na Operação Monte Carlo. A decisão foi tomada após denúncia publicada no Estado de Minas. A reportagem, de 16 de setembro, mostrou que o patrimônio da organização criminosa estava sendo vendido às pressas, pela metade do preço, nas regiões administrativas do Distrito Federal e em cidades do Entorno, por José Olímpio de Queiroga Neto, braço direito do contraventor no DF, com o objetivo de levantar recursos para fugir para os Estados Unidos. “Se nós não formos céleres, pode ser que, quando chegarmos a esses bens, a quadrilha já tenha se desfeito deles”, afirmou na época o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG).

Fazenda Entre os donos de imóveis que, agora, estão sob a responsabilidade da Justiça, a mulher de Cachoeira, Andressa Alves Mendonça, figura com o maior patrimônio. A 11ª Vara Criminal de Goiânia determinou a retenção de uma fazenda avaliada em R$ 20 milhões, localizada no Distrito Federal. Os bens da ex-mulher do bicheiro Andrea Aprígio de Souza, incluindo diversos imóveis e uma propriedade rural, foram avaliados em R$ 16,3 milhões. O avião, avaliado em R$ 750 mil, também está em nome de Andrea. Também foi sequestrada a casa no condomínio de luxo Alphaville em nome de Cachoeira. O imóvel custa cerca de R$ 1,5 milhão.