A CPMI do Cachoeira foi prorrogada nesta quinta-feira por mais 48 dias, podendo funcionar até o dia 22 de dezembro, quando começa o recesso do Legislativo. Na prática, a comissão virou "pizza" e não avançará nas investigações. Isso porque o requerimento assinado por 41 senadores e 232 deputados, lido na sessão desta quinta do Senado, faz parte de um acordo dos líderes da base governista para impedir que a investigação se estenda à ligação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com a empreiteira Delta.
Presente ao plenário, o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), disse que o requerimento de prorrogação trata-se na realidade "de uma estratégia e não da intenção de aprofundar as investigações para revelar ao País detalhes de um gigantesco esquema de corrupção".
"A sujeira e o lixo da corrupção estão sendo empurrados para debaixo do tapete da impunidade", alertou. A situação, no seu entender, se comparada ao desempenho do Supremo Tribunal Federal no julgamento dos mensaleiros, faz com que os parlamentares se tornem "desavergonhados pizzaiolos".
"Nós do Congresso não aprendemos a lição do Supremo no julgamento do mensalão e o que se faz é decretar o fim da CPMI", criticou. Dias chamou o acordo dos líderes governistas de "simulacro da prorrogação" e de "encenação". Ele lembrou o fracasso da tentativa da oposição de estender os trabalhos por mais seis meses, tempo bastante para investigar as "laranjas" da empreiteira.