Senadores da oposição e até da base aliada do governo avaliam que era esperada a citação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no depoimento do operador do mensalão, Marcos Valério, ao Ministério Público Federal. Já o senador Jorge Viana (PT-AC) chama de "intolerância" e "irresponsabilidade" o fato de Lula ser citado no processo do mensalão. Ele chama o depoimento de Valério de "armadilha" e diz que fazer comentários sobre o que ele teria dito "é levar adiante uma irresponsabilidade, é pura intolerância de quem não aceita Lula nem como ex-presidente". Viana voltou a pedir a Valério que conte tudo sobre o mensalão, "desde a sua origem com o PSDB e o DEM".
O líder do PT, senador Walter Pinheiro (BA), não foi encontrado. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirma que, desde o início, há muita curiosidade sobre o que o operador do mensalão tem a revelar. "Pesam as suspeitas de que ele tem muito mais a dizer do que já disse até aqui", destaca. Cristovam diz temer que a verdade dos fatos termine levando o PT a perder o controle de "grupos menos civilizados, capazes de canalizar sua frustração para violência".
A senadora Ana Amélia (PP-RS) lembra que Marcos Valério "é a chave, era o operador, recebia ordens e executava". Ela prevê que, se Valério comprovar suas afirmações, a situação de Lula ficará difícil. "Isso é só a ponta do iceberg, só se pode falar o que ocorrerá se destapar a panela de pressão", compara.
Para o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), o operador do mensalão revela que foi enganado na suposta promessa de ser poupado no julgamento do mensalão. "Não foi o que ocorreu, faltou a blindagem, o produto não foi entregue". Sobre a ameaça de vida que Valério estaria ocorrendo, o líder entende que ele deveria estar preparado quando se dispôs a operar o mensalão. "Ele deve está sabendo do que está falando, com quem se meteu e do que eles são capazes".