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Estado de Minas TURBULÊNCIAS NO CAMINHO ATÉ 2014

Até a disputa pela reeleição, Dilma enfrentará desafios na economia e na política

Presidente enfrentará um período de crescimento baixo da economia e pressão pela entrega de obras de infraestrutura


postado em 04/11/2012 07:32 / atualizado em 04/11/2012 07:39

Além do PMDB, Dilma tem mostrado preocupação com os rumos do PSB (foto: Iano Andrade/CB/D.A Press)
Além do PMDB, Dilma tem mostrado preocupação com os rumos do PSB (foto: Iano Andrade/CB/D.A Press)

Após a conclusão das eleições municipais deste ano, somadas as derrotas e vitórias dos diversos partidos que compõem a base do governo, a presidente Dilma Rousseff se prepara para a segunda metade de seu mandato de olho na reeleição em 2014. Com popularidade elevada e incólume às crises do PT decorrentes das condenações de caciques do partido no julgamento do mensalão, Dilma enfrentará um período de crescimento baixo da economia, pressão pela entrega de obras de infraestrutura, maximizadas pela Copa do Mundo em 2014, e uma base com sinais de volatilidade, principalmente pelo desejo, ainda contido, do PSB em trilhar um voo solo. "Ela continua favorita, mas 2014 deve ser mais difícil para ela do que foi em 2010", avalia o cientista político Rafael Cortez.

Durante a década de 1990, uma frase pronunciada pelo então presidente dos Estados Unidos, o democrata Bill Clinton, para justificar por que seria reeleito, tornou-se emblemática para definir os fatores que mais influenciam a escolha dos eleitores: "É a economia, seu estúpido". O quadro no Brasil não é muito diferente, mas não são apenas os aspectos econômicos que vão ditar o futuro. "A economia será a liga, o elo para manter a base política de Dilma unida", declarou o presidente do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), Antonio Queiroz.

Preocupam Dilma os dois maiores partidos da base de apoio ao governo federal — PMDB e PSB. A presidente já deixou claro que os peemedebistas estão confirmados na chapa presidencial de 2014. Também resignou-se com a possibilidade de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) – com quem teve vários atritos ao longo dos últimos anos – e Renan Calheiros (PMDB-AL) presidirem, respectivamente, Câmara e Senado nos próximos dois anos. Mesmo assim, o partido quer mais, subvertendo a lógica do prestígio. "Todos pensariam que o PMDB já tem muita coisa. Mas eles acham que, por ser tão grandes, precisam de mais", declarou um aliado da presidente.

Dilma deve dar um ministério para Gabriel Chalita, candidato derrotado na disputa municipal de São Paulo. A sinalização, até o momento, é a pasta de Ciência e Tecnologia, ocupada atualmente por Marco Antonio Raupp. Mas como a relação entre governo, PT e PMDB nunca é simples, um jantar no Palácio do Alvorada, na próxima terça-feira, reunirá Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Michel Temer, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).

Briga Outra preocupação é o PSB. O partido foi o que mais cresceu nas eleições municipais de outubro e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, aparece cada vez mais como um dos possíveis candidatos ao Planalto em 2014. PT e PSB romperam no Recife, em Fortaleza e Belo Horizonte. "Não tem volta. O que eles fizeram foi absurdo", criticou o deputado José Guimarães (PT-CE).

Para tentar diminuir os atritos, Dilma fez questão de ligar para Campos na segunda-feira, logo após o segundo turno das eleições. No mesmo dia, Falcão conversou com o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral. "Achamos que é preciso descer do palanque agora que as eleições passaram", minimizou Roberto Amaral. "Vamos ver, primeiro, como ficam as participações nas prefeituras eleitas. Depois, pensamos como fica a sucessão nos governos estaduais", completou Falcão.

DE OLHO NOS NÚMEROS

A estratégia política será importante porque o cenário econômico não é dos mais promissores. A recessão econômica que retraiu a União Europeia e freou a retomada do crescimento americano atingiu o Brasil, fazendo com que a produção industrial patine há meses. "O crescimento do país em 2009 se mostrou ridículo, mas em 2010 foi bom. Mas a média dos dois primeiros anos de governo Dilma aproxima-se muito do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique", declarou Cortez.

O cientista político lembra que foi a presidente Dilma Rousseff quem trouxe o debate econômico para o centro da discussão. Não que a economia fosse um assunto periférico em gestões anteriores – durante o primeiro mandato, o presidente Lula comprou uma briga gigantesca com o PT por repetir as medidas macroeconômicas de FHC. Mas Dilma tem particular atração pelo assunto, mais do que pelo debate político em si.

Rafael Cortez aponta, no entanto, que a presidente vem tornando-se mais flexível na manutenção do tripé macroeconômico: juros, câmbio e metas de inflação. "Ela baixou os juros, o centro da meta de inflação não é mais buscado com tanta ênfase e o câmbio está bem menos flutuante que nos anos Lula", completou o cientista político.

Dilma tem a seu favor, contudo, a batalha pela redução dos juros e dos spreads bancários, uma batalha muito bem avaliada pela população. Também ampliou o debate para as concessões em obras de infraestrutura. "Foi um acerto da presidente iniciar essa discussão", afirmou ao Estado de Minas o ex-presidente da Petrobras e atual secretário de Planejamento da Bahia, Sérgio Gabrielli. Depois de anunciar as concessões em três aeroportos – Brasília, Viracopos e Guarulhos – e de rodovias e ferrovias, a presidente planeja lançar até o fim do ano novos pacotes para o Galeão (RJ) e Confins (MG) e para os portos brasileiros.


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