No lugar da foice e do martelo, coração e flores. O vermelho foi trocado por verde, azul, alaranjado. E os votos não param de crescer. O PCdoB teve este ano um de seus melhores desempenhos em todo o Brasil. Em Minas Gerais, conquistou pela primeira vez, e com folga, a prefeitura do terceiro maior colégio eleitoral do estado, Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em todo o Brasil, o partido passou de 41 prefeituras para 56. Pode até parecer pouco em um universo de 5.553 municípios, mas não é.
Para o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, esses números são resultado do investimento que o partido passou a fazer, a partir das eleições gerais de 2006, nas candidaturas majoritárias. Antes disso, segundo ele, o foco eram apenas as disputas para os cargos de vereador e deputado e, mesmo assim, com número reduzido de candidatos. “Desde então, temos dado grandes passos”, destaca.
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Candidatos do PCdoB e PSDB disputam segundo turno em Jundiaí (SP)PC do B apoiará candidato do PSB em FortalezaJunto com o crescimento de sua bancada de parlamentares e prefeitos vêm também críticas sobre os métodos adotados pela legenda para conquistar a simpatia do eleitorado. As críticas partem principalmente do PT, aliado histórico do PCdoB. Em Contagem, Carlin Moura foi criticado por causa de suas alianças e por ter adotado o verde e um coração como símbolos da campanha. Em Manaus, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), que disputou e perdeu a Prefeitura de Manaus (AM), usou uma flor vermelha e azul, mesmos tons predominantes em seu material de campanha. Além disso, para conquistar a bancada evangélica divulgou um panfleto se posicionando contra o aborto, a favor de Deus e da religião, posturas um pouco divergentes das defendidas pelos comunistas.
Realidade Sobre o abandono nas campanhas eleitorais dos símbolos históricos do partido e também da cor que sempre encarnou os partidos de esquerda, Renato Rabelo diz isso não altera os princípios e a identidade do partido nem influencia seus propósitos. “Não escondemos que somos comunistas, só que a nossa realidade de hoje não é a mesma do passado, quando o partido surgiu. Também não é a mesma de outros países. Temos de nos adaptar à nossa realidade sem abrir mão da luta por uma sociedade socialista”. Rabelo destaca que os partidos não são estruturas fixas e estão sujeitos sempre a um momento da história. Segundo ele, o outro lado da moeda é a campanha, batizada por ele de sórdida, que o partido sempre enfrenta quando assume a dianteira nas disputas majoritárias por causa da defesa do comunismo. Rabelo também destaca que nenhum partido consegue chegar ao poder sem fazer alianças e cita a primeira eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, como exemplo.
Para Jô Moraes, independentemente da cor e do símbolo adotados pelo partido, o PCdoB, a legenda não abre mão de seus princípios. “Mas não queremos ser apenas um gueto de pregação”. A deputado afirma que apesar das críticas o partido, em Minas Gerais, por exemplo, fez majoritariamente alianças com o campo de esquerda. “O PT foi nosso maior parceiro em todas as disputas. Fizemos alianças com ele em 50 cidades, e a maioria delas nos maiores municípios de Minas. O PT não tem o que reclamar do PCdoB.”