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Estado de Minas FOICE APOSENTADA

PCdoB cresceu nas urnas, mas métodos adotados para conquistar eleitores são motivo de críticas

O PCdoB teve este ano um de seus melhores desempenhos em todo o Brasil. Em Minas Gerais, conquistou pela primeira vez, e com folga, a prefeitura do terceiro maior colégio eleitoral do estado, Contagem


postado em 04/11/2012 07:39 / atualizado em 04/11/2012 07:47

Jô Moraes e Renato Rabelo: mudanças sem abrir mão dos princípios (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press )
Jô Moraes e Renato Rabelo: mudanças sem abrir mão dos princípios (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press )

No lugar da foice e do martelo, coração e flores. O vermelho foi trocado por verde, azul, alaranjado. E os votos não param de crescer. O PCdoB teve este ano um de seus melhores desempenhos em todo o Brasil. Em Minas Gerais, conquistou pela primeira vez, e com folga, a prefeitura do terceiro maior colégio eleitoral do estado, Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em todo o Brasil, o partido passou de 41 prefeituras para 56. Pode até parecer pouco em um universo de 5.553 municípios, mas não é.

Entre as cidades governadas pelos comunistas estão três do G85, entre elas Contagem, Belford Roxo (RJ) e Olinda (PE), como é chamado o grupo que reúne as 26 capitais e 59 cidades do interior com mais de 200 mil eleitores. Nessa lista, o PCdoB já ocupa a sexta posição. Em Minas Gerais, o partido passou de duas para seis prefeituras. Além de Contagem, conquistou outras cinco cidades (Cataguases, Jaíba, Francisco Sá, Pintopólis e Lassance). Nas últimas cinco eleições municipais, o partido também ganhou eleitores. Em 1996, a legenda teve pouco mais de 191 mil votos. Nessa disputa foram 1,8 milhão.

Para o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, esses números são resultado do investimento que o partido passou a fazer, a partir das eleições gerais de 2006, nas candidaturas majoritárias. Antes disso, segundo ele, o foco eram apenas as disputas para os cargos de vereador e deputado e, mesmo assim, com número reduzido de candidatos. “Desde então, temos dado grandes passos”, destaca.

A presidente do PCdoB em Minas Gerais, deputada federal Jô Moraes, destaca que além do crescimento das prefeituras o partido também conquistou, nos últimos anos, novos filiados. Em Minas, segundo ela, de 2010 para cá o partido aumentou em cerca de 50% o número de “comunistas de carteirinha”. “Nossa chapa de vereadores também aumentou muito em todo o estado. Em 2008, disputamos com 703 candidatos a vereador. Este ano foram 1.303, um aumento de 85%”. Apesar disso, ela afirma que o partido não conseguiu ainda crescer nas câmaras municipais. O motivo para ela são alianças erradas e falta de experiência na montagem de chapas pelo interior do estado. O partido tem hoje 39 vereadores, número que vai passar para 60 ano que vem.

Junto com o crescimento de sua bancada de parlamentares e prefeitos vêm também críticas sobre os métodos adotados pela legenda para conquistar a simpatia do eleitorado. As críticas partem principalmente do PT, aliado histórico do PCdoB. Em Contagem, Carlin Moura foi criticado por causa de suas alianças e por ter adotado o verde e um coração como símbolos da campanha. Em Manaus, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), que disputou e perdeu a Prefeitura de Manaus (AM), usou uma flor vermelha e azul, mesmos tons predominantes em seu material de campanha. Além disso, para conquistar a bancada evangélica divulgou um panfleto se posicionando contra o aborto, a favor de Deus e da religião, posturas um pouco divergentes das defendidas pelos comunistas.

Realidade Sobre o abandono nas campanhas eleitorais dos símbolos históricos do partido e também da cor que sempre encarnou os partidos de esquerda, Renato Rabelo diz isso não altera os princípios e a identidade do partido nem influencia seus propósitos. “Não escondemos que somos comunistas, só que a nossa realidade de hoje não é a mesma do passado, quando o partido surgiu. Também não é a mesma de outros países. Temos de nos adaptar à nossa realidade sem abrir mão da luta por uma sociedade socialista”. Rabelo destaca que os partidos não são estruturas fixas e estão sujeitos sempre a um momento da história. Segundo ele, o outro lado da moeda é a campanha, batizada por ele de sórdida, que o partido sempre enfrenta quando assume a dianteira nas disputas majoritárias por causa da defesa do comunismo. Rabelo também destaca que nenhum partido consegue chegar ao poder sem fazer alianças e cita a primeira eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, como exemplo.

Para Jô Moraes, independentemente da cor e do símbolo adotados pelo partido, o PCdoB, a legenda não abre mão de seus princípios. “Mas não queremos ser apenas um gueto de pregação”. A deputado afirma que apesar das críticas o partido, em Minas Gerais, por exemplo, fez majoritariamente alianças com o campo de esquerda. “O PT foi nosso maior parceiro em todas as disputas. Fizemos alianças com ele em 50 cidades, e a maioria delas nos maiores municípios de Minas. O PT não tem o que reclamar do PCdoB.”


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