O Norte de Minas, que tradicionalmente sempre foi governista, com grupos políticos se perpetuando no poder, apresentou um resultado bem diferente este ano: levantamento feito pelo Estado de Minas mostra que em 86 municípios, a oposição saiu vitoriosa em 53 cidades (63,85%). De 34 chefes de executivos do Norte que concorreram à reeleição, apenas 12 conseguiram o segundo mandato (35,3%). Outros 47 prefeitos lançaram candidatos, mas somente 16 (34,04%) elegeram seus sucessores. Segundo estudos da Associação dos Municípios da Área da Sudene (Amans), em 2004 e 2008, 70% dos prefeitos que tentaram a reeleição obtiveram sucesso.
Estado de Minas mostra que das 35 cidades do Norte onde ocorreu a investigação, em 28 (80%) a oposição foi vitoriosa nas urnas, derrotando o prefeito que tentou a reeleição ou o candidato apoiado por ele. Já nas duas cidades do Vale do Jequitinhonha investigadas na operação, a oposição venceu em uma: Itamarandiba. Em Capelinha, o prefeito Pedro Vieira da Silva (PSDB) foi reeleito.
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Prefeito eleito de Montes Claros busca recursos para superar dificuldades financeirasMontes Claros: candidatos ao segundo turno tiveram menos de mil votos de diferençaBoatos O prefeito de Manga, Joaquim Oliveira Sá (PPS), o Quinquinha, que está no segundo mandato, fez uma gestão bem-avaliada, mas não conseguiu eleger seu sucessor. Para ele, assim como em outras cidades da região, um fato que teria pesado em Manga foi a divulgação de pesquisas falsas, que teria favorecido o prefeito eleito, Anastácio Guedes (PT). Quinquinha também reclama dos boatos que afirmavam que se o PT não fosse vitorioso os benefícios do Programa Bolsa-Família seriam cortados. Outro administrador bem-avaliado e que não conseguiu fazer o sucessor foi Reinaldo Teixeira (PTB), de Capitão Enéas, também investigado durante a Operação Máscaras da Sanidade. “A repercussão política disso foi pequena, pois, investigaram coisas antigas, anteriores à minha gestão”, acredita ele. Teixeira entende que seu grupo político saiu derrotado por não ter se preocupado em preparar um candidato à sucessão. “Fiquei focado na administração. Acabei demorando a lançar um nome como meu candidato na disputa”, admitiu ele, que apoiou o vereador Werlyson Lopes, o Binga (PTB), derrotado por César Emílio (PT) por uma diferença de 311 votos.
PMDB lidera
Apesar da “renovação”, o PMDB continua sendo o partido com maior número de prefeituras no Norte de Minas (13), seguido do PP (nove), PT (oito), PTB (seis) e DEM (cinco). O PT manteve o número de prefeituras (oito), mas dos atuais prefeitos filiados à legenda que tentaram um segundo mandato, apenas um se reelegeu: Jair Oliva, de Brasília de Minas. Por outro lado, os petistas conquistaram prefeituras importantes do ponto de vista regional, como Januária e Salinas.
Tadeu Leite banido da propaganda
Em Montes Claros, cidade polo da região, o prefeito eleito, Ruy Muniz (PRB), que teve como companheiro de chapa José Vicente (PMDB), contou com o apoio discreto do prefeito Luiz Tadeu Leite (PMDB), cuja administração foi investigada pela operação. Depois de desistir de tentar a reeleição, Tadeu Leite sequer apareceu na propaganda eleitoral do candidato do seu partido. O apoio da máquina administrativa, contudo, foi fundamental para que Muniz vencesse Paulo Guedes (PT) no segundo turno.
Em Pirapora, o prefeito Warmillon Braga (DEM) elegeu o seu sucessor, Léo Silveira (PSB), numa disputa apertada: 52,29% contra 47,71% do empresário Indalecio Garcia (PSDB). Warmillon está no quarto mandato consecutivo como prefeito (antes de Pirapora, administrou o município de Lagoa de Patos em duas gestões) e responde a vários processos por denúncias de irregularidades, além de também ter sido investigado pela PF. Mas ele alega ser inocente em todos os processos, garantindo ser alvo de perseguição política.
Em Salinas, também investigada pela PF, o prefeito José Prates (PTB) não conseguiu eleger a professora Maria Seleide Gonçalves (PSB), derrotada pelo empresário Joaquim Neres Xavier Dias, o Quincas da Ciclodias (PT). “A nossa candidata foi prejudicada por ter ficado sub-judice durante a campanha devido a uma decisão judicial de primeira instância, só sendo liberada faltando dois dias para a eleição”, argumentou ele.