A hostilidade de vereadores da Câmara de Belo Horizonte poderá obrigar a prefeitura a adiar para 2013 o envio à Casa de projetos que o governo pretendia ver aprovados ainda este ano. Mesmo depois da tentativa de um acordo que chegou a ser fechado entre o presidente do Legislativo, Leo Burguês (PSDB), e os parlamentares, nos últimos dois dias faltaram votos para analisar vetos do prefeito Marcio Lacerda (PSB). Isso fez com que seus aliados decidissem sugerir que a votação dos textos seja protelada. Uma reunião nesta quarta-feira com representantes do governo decidirá se a sugestão será acatada.
Em relação aos vereadores que não se reelegeram, a justificativa dos aliados de Lacerda é que os parlamentares ficaram decepcionados com o prefeito durante a campanha eleitoral. O prefeito teria prometido mais apoio do que realmente deu. O líder do governo na Casa, Ronaldo Gontijo, porém, prefere evitar comentários sobre o mau humor dos vereadores. “É preciso saber o que está acontecendo. Tem muita gente na Casa mas ninguém quer votar”, diz. Ontem, nenhum dos sete vetos do prefeito chegou a ser derrubado ou mantido, apesar da presença de 37 parlamentares na Casa. Um deles, ao ser colocado para apreciação, teve a votação prejudicada por ter recebido apenas 17 “sim” e um “não”. O total para que o veto fosse mantido era de 21. O cenário ideal para a prefeitura é que os vetos, que têm prioridade de votação, sejam analisados para também adiantar a apreciação do orçamento 2013.
Água
O acordo fracassado sugerido por Leo Burguês previa que os vereadores não reeleitos sugerissem três projetos de lei para serem colocados em votação até o fim do ano. Já os parlamentares que venceram as eleições teriam direito a indicar um projeto. Na segunda-feira parecia que o acordo surtiria efeito. De um total de 13 vetos, sete foram analisados. Todos foram mantidos. “A oposição está no papel dela. E o PT, nesse seu novo posicionamento na Casa, mostra o que sempre foi: quem está contra o partido está errado”, disse o tucano, aliado de Lacerda.
No ano que vem, 22 das 41 cadeiras da Câmara serão ocupadas ou por quem nunca esteve na Casa ou por quem já foi vereador mas em legislaturas anteriores. Segundo a vice-presidente municipal do PT, vereadora Neusinha Santos, que não se reelegeu, já está decidido, mesmo com as rusgas entre parlamentares da legenda, que o PT será oposição a Lacerda. “Fizemos uma reunião com a Executiva Municipal e o posicionamento já está sacramentado”, garantiu.