De um montante de R$ 254 milhões previsto para ser gasto até o final de 2013 no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas em Minas Gerais, nenhum centavo chegou até agora. É o que garante o presidente da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais (ACH-MG) e prefeito de Congonhas, Anderson Cabido (sem partido). A informação é confirmada por pelo menos nove prefeituras de cidades que teriam direito a receber um total R$ 125 milhões até 2013: Tiradentes, Diamantina, Ouro Preto, Pitangui, Cristiano Otoni, Cataguases, Belo Horizonte, Congonhas e Raposos.
Vice-presidente da ACH-MG, o prefeito de Pitangui, no Centro-Oeste, Evandro Rocha Mendes (PT), também lamenta o não recebimento das verbas: “Foi um sacrifício para montar esse PAC das Cidades Históricas, e depois a coisa enganchou”. Ele conta que os projetos foram enviados pela administração municipal, mas “infelizmente, não chegou nada”. Segundo Evandro, a prefeitura está arcando com os custos de algumas obras previstas no programa para o Museu Histórico de Pitangui, porque o imóvel, do século 18, precisa de cuidados imediatos. A associação deve se reunir no dia 20 para discutir a situação das cidades históricas no estado.
O prefeito de Diamantina, Padre Gê (PMDB), é outro que lamenta não ter recebido os recursos. A coordenadora de projetos da prefeitura, Débora do Nascimento França, afirma que a maioria das cidades ainda não viu a cor do dinheiro. “Nós pactuamos o convênio, entregamos os projetos, diagnósticos e tudo o que era necessário, mas não recebemos”, comenta ela.
Secretário de Patrimônio e Desenvolvimento de Ouro Preto, Gabriel Gobbi afirma que a única obra prevista no PAC das Cidades Históricas que está sendo realizada na cidade é a restauração da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, mas comenta: “O recurso veio do Ministério das Cidades, a obra é emergencial. Estamos tendo de paralisá-la, porque o dinheiro não é suficiente”. Um montante de R$ 32,6 milhões era previsto para a restauração de diversas igrejas na cidade.
Nilzio Barbosa (PMDB), prefeito de Tiradentes, destaca que nenhum recurso do programa federal foi repassado para a prefeitura que ele comanda. “Nosso projeto foi aprovado pelo Iphan, mas não recebemos. Estamos recebendo alguma coisa do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) para a restauração de igrejas, mas do PAC não recebemos nada”. O secretário de Cultura de Cataguases, na Zona da Mata, José Vítor Lima, também se queixa de que os projetos não foram tocados por falta de dinheiro: “Fizemos todos os projetos de reforma, dos monumentos tombados aqui, não veio nada. O Iphan sinalizou uma verba de R$ 280 mil para uma praça, mas do PAC não veio”. A cidade receberia R$ 29,9 milhões do governo federal para obras como a recuperação das praças Rui Barbosa e Santa Rita.
Perguntado sobre o PAC das Cidades Históricas, o secretário de Fazenda de Raposos, Manoel Alves Ribeiro, responde: “Nada, nada, nada”. Na mesma toada, o prefeito José Nery (PMDB), de Cristiano Otoni, comenta: “Mandamos o projeto para a restauração do Núcleo Histórico de São Caetano do Paraopeba, mas não recebemos nada”.