Jornal Estado de Minas

Possibilidade de apagão durante as eleições deixou presidente do TSE apreensiva

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, disse ontem que o maior temor deste ano foi o risco de que não houvesse energia elétrica no momento da votação

Juliana Cipriani

  Em discurso na solenidade da Medalha do Mérito Legislativo, Cármen Lúcia lembrou a lei que puniu a compra de votos e a Ficha Limpa - Foto: Alair Vieira/ALMG

Nada de fraudes nas urnas eletrônicas, ausência de mesários, violência ou atrasos para apuração de resultados. A maior preocupação da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, na primeira eleição que ela comandou, foi com o risco de um apagão. Foi o que a mineira revelou nessa quinta-feira, em discurso como oradora e homenageada com a medalha de mérito pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A magistrada exaltou a tecnologia do sistema eleitoral brasileiro e criticou o que considera uma falha em um ponto essencial para a dignidade do cidadão.

 “Os dias que antecederam as eleições me deixaram, em alguns deles, 48 horas no ar, sem dormir, de preocupação que, em alguns lugares do Brasil, nós não tivéssemos energia elétrica. Eu dependo de um serviço público essencial – e isso é cidadania, é direito fundamental – para pôr em exercício o sistema provavelmente mais apurado de eleições do planeta”, afirmou a ministra. Cármen Lúcia colocou na conta do Executivo as eventuais falhas no processo eleitoral brasileiro, que, segundo ela diz, é acompanhado de perto por centenas de países.

Os apagões elétricos voltaram a assombrar os brasileiros no mês passado, atingindo, por exemplo, estados do Norte e Nordeste. “Temos esse sistema funcionando, com esse acesso e visibilidade no mundo inteiro, mas nos dias que antecederam (a eleição), tinha pavor de que o sistema de telecomunicações não funcionasse ou que falhasse, como várias vezes já falharam nas eleições de 2010. Isso deixa claro para nós que, no Brasil, vivemos esse momento de transformações, mas com várias humanidades”, disse.

De acordo com a ministra, o Brasil precisa se preocupar com as mudanças e avanços tecnológicos, mas com o cuidado de garantir “um mínimo de qualidade existencial, de direitos fundamentais a todos os brasileiros”. Em discurso na solenidade da Medalha do Mérito Legislativo, Cármen Lúcia lembrou que as duas principais leis que regem as eleições no país tiveram a participação popular. Ela se referiu às normas que passaram a punir a compra de votos, e mais recente, a Ficha Limpa, que impede políticos condenados por órgãos colegiados de disputarem cargos eletivos.

Mulheres

O presidente da ALMG, Dinis Pinheiro (PSDB), falou do avanço da democracia brasileira desde que as mulheres passaram a ter o direito de votar, há 80 anos, e da honra de ter uma mineira à frente do TSE. O tucano citou também  o avanço de termos uma presidente da República, se referindo a Dilma Rousseff (PT). Além de Cármen Lúcia, também foram agraciados com o maior grau da medalha os presidentes dos tribunais Regional Eleitoral (TRE-MG), Antônio Carlos Cruvinel; de Justiça, Joaquim Herculano Rodrigues; e de Contas, Wanderlei Ávila. A atriz Cecília Bizzotto, morta em um assalto no mês passado, recebeu homenagem póstuma. A Assembleia concedeu 227 medalhas a pessoas e instituições.