No entanto, mesmo tendo cuidado para não mexer com os brios do Congresso, Fux deu indícios da posição que vai adotar. “O Supremo tem alguns precedentes no sentido de que o Judiciário pode impedir a votação de um processo viciado, inclusive em relação à emenda constitucional. Ora, se pode em relação a emenda, pode em relação a projeto de lei”, comparou.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio, Júlio Bueno, também considerou “estranha” a atitude dos parlamentares de irem ao STF antes da decisão de Dilma Rousseff de vetar ou não o projeto. “O texto ainda não virou lei, então não existe. Apenas se a presidente não vetar o projeto recorreremos à Justiça”, comentou.
Prudência
O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o projeto que altera a distribuição dos royalties é um tema muito delicado. Ele reiterou a disposição da presidente Dilma de analisar detidamente o texto para somente depois emitir qualquer opinião sobre o assunto. “A presidente foi clara. O governo primeiro vai ler com calma o projeto e depois a presidente vai se pronunciar. É uma questão muito delicada e a presidente já manifestou ontem (quinta-feira) com toda a prudência que o governo, recebendo o texto, vai se dar ao trabalho de fazer uma análise e depois vai se pronunciar”, afirmou o ministro. Ele participou na manhã de ontem do 3º Fórum Interconselhos, realizado com o objetivo de apresentar e debater a proposta de monitoramento participativo do Plano Mais Brasil – Plano Plurianual (PPA) 2012–2015.
A ordem da presidente Dilma é evitar que os ministros emitam opinião sobre o tema dos royalties para impedir que a polêmica seja alimentada e as disputas do Congresso sejam transferidas para o governo. Por isso mesmo, seguindo a linha de Gilberto Carvalho, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, após participar do mesmo evento, desconversou ao ser questionada sobre o assunto. Repetindo o discurso do secretário-geral, ela lembrou que a presidente já emitiu nota específica falando sobre o projeto dos royalties e que “ela é a maior autoridade a falar do assunto”.
Até o início da tarde de ontem o projeto não havia chegado à Casa Civil. A ideia da presidente é, assim que o projeto chegar, encaminhá-lo à Advocacia-Geral da União (AGU) para que o texto seja esmiuçado. Dilma pretende gastar todos os 15 dias úteis que a legislação lhe dá, até decidir pela sanção integral ou parcial do texto. A presidente quer deixar que o Congresso reflita sobre o que fez e tente encontrar um caminho para resolver o problema.