Segundo estimativa da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), nas regiões do Vale do Jequinhonha e Mucuri e no Norte do estado, este ano foram mais de 100 mil pessoas que passaram por situações críticas com a falta de água, a maior parte em áreas rurais. Gente como Maria Aparecida Soares, moradora de Francisco Sá, que sofre com a seca todos os anos e neste perdeu a lavoura de milho por causa da falta de água, como mostrou reportagem do Estado de Minas no início de outubro. Outro problema registrado pelo órgão e que vem aumentando cada vez mais é a saída em massa de moradores de pequenos municípios, que procuram médias e grandes cidades como opção de sobrevivência momentânea.
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Bahia receberá maior volume de recursos contra a secaBarragens para aliviar seca no Norte de Minas vão sair do papelNorte de Minas vai ter R$ 319 milhões para fazer barragem e combater a secaPAC já executou 38,5% do total previsto até 2014Minas fica fora da disputa milionária por território Governo discrimina ações do PAC com repasse obrigatórioA reclamação que se repete ano a ano por parte dos municípios mineiros é quanto à falta de projetos maiores para criar novas opções para a população durante os períodos de seca. “A seca não se resolve, mas com obras duradouras e consistentes é possível criar opções para os período críticos do ano. Barragens em rios perenes, postos para captação de água de chuva e a perfuração de poços artesianos são algumas das soluções que precisam ser consideradas para nossos municípios de forma mais constante. O governo lança planos e mais planos para melhorar a convivência com a seca, mas a única coisa que vemos na prática são medidas paliativas, com caminhões pipas e cestas básicas todos os anos”, aponta Lobo.
Banana
Em Matias Cardoso, umas das cidades mais afetadas pela seca e que foi incluída na lista de nove municípios que receberão recursos por meio de parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a prefeitura ainda não tomou conhecimento do que será repassado pelo PAC Prevenção, mas o que não falta são demandas para atender a população. “Até agora não chegou nada para investimentos. Foram dois caminhões-pipa que mal deram para abastecer as casas, mas os prejuízos maiores ficaram com a perda de plantações e algumas pessoas tiveram que vender tudo a preço de banana para sobreviver”, conta o prefeito João de Barros (PT). Segundo o petista, ainda não foram acertados acordos com a Funasa para o próximo ano.
Outro município da lista da Funasa, Grão Mogol viu nos últimos meses grande parte das lagoas e tanques secarem e faltou água até mesmo para o consumo da população. O prefeito Jeferson Figueiredo (PP), no entanto, ainda não conhece o pacote anunciado ontem pela presidente Dilma Rousseff (PT). “A demanda é muito grande e não existe um contato direto com o governo federal. Tivemos dois caminhões-pipa contratados pelo Exército para nossa cidade, mas as demandas são muito maiores e se não houver aposta em prevenção, a situação vai se repetir”, afirma.
O prefeito de Janaúba, José Benedito Nunes (PT), comemorou como nunca a volta da chuva nesta semana, mas já prevê a repetição do cenário de dificuldades para 2013. “As soluções são bem conhecidas. Investir em pequenas barragens e cisternas para dar alternativas para a população. E as parcerias também estão sendo prometidas pelo Idene (Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas) e pela Codevast (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Paranaíba), mas se os governos não tiverem vontade e agilizar essas obras ficará difícil. A burocracia é sempre muito grande e não se consegue resolver quase nada em quatro anos”, cobrou o petista.