Vereadores de São Paulo receberam doações de funcionários de seus próprios gabinetes na Câmara Municipal para financiar suas campanhas à reeleição. O motorista de um parlamentar, que tem salário de R$ 12 mil por mês, entregou um cheque de R$ 13 mil para ajudar seu patrão na disputa.
Entre os candidatos que receberam recursos de funcionários comissionados estão políticos do DEM, do PSD, do PC do B, do PSDB e do PT. Seus assistentes, assessores legislativos, chefes de gabinete e motoristas, fizeram repasses em dinheiro e cheque ou prestaram serviços para as campanhas como voluntários - o que precisa ser declarado à Justiça Eleitoral como doação.
Dono da campanha mais cara entre os eleitos para a Câmara Municipal, com gastos declarados de R$ 3,4 milhões, o vereador Milton Leite (DEM) recebeu R$ 61 mil em doações de nove funcionários lotados em seu gabinete, na liderança de seu partido e na garagem da Casa.
Leite afirma que as doações feitas por integrantes de sua equipe foram espontâneas. “Meus funcionários têm todo o interesse em que eu ganhe a eleição”, disse.
Um dos repasses foi feito por Pedro Luis dos Santos Frade, motorista de Leite há quatro anos, que recebe R$ 12,7 mil de salário. Segundo a prestação de contas entregue pelo vereador à Justiça Eleitoral, o funcionário fez uma doação de R$ 13 mil à campanha do parlamentar em 8 de agosto.
Segundo a Justiça Eleitoral, pessoas físicas podem doar até 10% de sua renda bruta no ano anterior à eleição. Cada vereador de São Paulo tem direito a contratar, sem concurso, até 18 funcionários para seus gabinetes, com verba máxima de R$ 106,4 mil por mês. O salário de cada parlamentar é de R$ 9.288.
O vereador Antonio Goulart (PSD) recebeu R$ 21 mil de três funcionários da Câmara para financiar sua campanha de R$ 853 mil. Seu chefe de gabinete, Reinaldo Tacconi, contribuiu com um cheque de R$ 10 mil. Outros dois assessores fizeram doações de R$ 7 mil e R$ 4 mil.
Netinho de Paula (PC do B), que se reelegeu com 50 mil votos em uma campanha de R$ 1,1 milhão, recebeu R$ 10 mil de sua chefe de gabinete e R$ 1.500 de um de seus assessores.
A campanha do vereador Claudinho (PSDB) teve contribuição financeira do assistente parlamentar Wilson Roberto Zago, que doou R$ 5 mil em espécie, segundo a prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral.
O vereador Antonio Donato (PT), que coordenou a campanha de Fernando Haddad para a Prefeitura e é cotado para ocupar uma secretaria no governo municipal, recebeu uma doação de R$ 2 mil de um de seus assessores.
Outros dois vereadores receberam ajuda de integrantes de seus gabinetes na Câmara durante a disputa. A campanha de Floriano Pesaro (PSDB) recebeu assistência jurídica de um assessor, com valor estimado em R$ 2,7 mil. Já um funcionário de Senival Moura (PT), compôs o jingle de sua campanha. O serviço foi contabilizado como uma doação de R$ 1 mil.