Um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter condenado o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, a dez anos e dez meses de prisão, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse, em palestra a empresários, que preferiria morrer a cumprir pena num presídio brasileiro. "Se fosse para cumprir muitos anos na prisão, em alguns dos nossos presídios, eu preferiria morrer", garantiu nesta terça-feira, ao responder se apoiava a adoção da pena de morte e da prisão perpétua no Brasil. "Entre passar anos num presídio brasileiro e perder a vida, eu talvez preferisse perder a vida", acrescentou, ao ser novamente indagado sobre o assunto pelos jornalistas. Em seguida, o ministro disse ser contrário a ambas penas, explicando que é necessário melhorar o atual sistema prisional, ao invés de adotar essas medidas.
Cardozo ressaltou ainda que as condições dos presídios brasileiros geram violações aos direitos humanos e que a pena de morte não teria eficácia como medida de combate à violência. "Do que nós precisamos? De um bom sistema, com reinserção social, e não prisão perpétua ou pena de morte", disse o ministro da Justiça, durante evento organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide). "Temos um sistema prisional medieval, que não só desrespeita os direitos humanos como também não possibilita a reinserção", completou, explicando que falava como cidadão, e não como governante.
O ministro evitou comentar as penas definidas na segunda-feira pelo STF aos companheiros de partido, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-deputado José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. "Como cidadão, tenho as minhas impressões. Mas, como ministro, não comentarei não só o Mensalão como qualquer ação que o Judiciário julgue", afirmou.