Um grupo de prefeitos pediu nesta terça-feira ao governo federal uma compensação de R$ 2,4 bilhões para as perdas nos orçamentos das prefeituras com as isenções do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis e da linha branca, além da desoneração da Cide-Combustíveis. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, respondeu que o apelo era "significativo", mas observou que o repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) de janeiro até outubro supera o valor do mesmo período do ano passado.
Leia Mais
Câmara aprova tipificação de crimes cometidos pela internetSenado aprova projeto que tipifica como crime delitos cibernéticosPara Agripino, decisão do STF confirma escândaloSenado aprova isenção de IPI para máquinas e equipamentos agrícolas fabricados no paísPrefeitos em fim de mandato deixam população sem médico Prefeitos em fim de mandato fazem pressão em Brasília por mais verbas federaisNúmeros do governo mostram que o repasse do FPM no acumulado deste ano foi de R$ 38,53 bilhões, superior aos R$ 36,96 bilhões do registrado no mesmo período do ano passado. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que nesta terça-feria lotou um auditório do Senado de prefeitos de todos os Estados, calculou que a perda total com as isenções do IPI é de R$ 1,8 bilhão e de R$ 585 milhões com a Cide.
Royalties
Com adesivos com a inscrição "Sanciona, Dilma!", os prefeitos ainda pediram para a presidente aprovar sem veto o projeto de lei de distribuição dos royalties do petróleo. Ideli disse que a presidente não tomou ainda uma decisão sobre o assunto e que usará todo o prazo que tem para analisar o projeto.
Uma hora depois, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, que participou do encontro, disse que segundo Ideli a questão acabará no Judiciário. "Ela disse que a Justiça será acionada. Então, eu entendi que a tendência é a presidente aprovar o projeto", avaliou Ziulkoski.
Na entrevista, a ministra ressaltou que o governo fará até a próxima sexta-feira o pagamento do Fundo de Exportações no valor de R$ 2 bilhões para Estados e municípios, liberará R$ 1,5 bilhão de restos a pagar para obras com medições já prontas e assinará uma Medida Provisória que permitirá a municípios castigados pela seca a renegociação da dívida previdenciária, com a redução de 60% das multas, 25% dos juros e 100% dos encargos. Em contrapartida, exigirá um pagamento de 2% da receita líquida.
Em tom dramático, Paulo Ziulkoski, disse que três mil prefeitos temem serem enquadrados na Lei da Ficha Limpa pois não conseguirão cumprir seus compromissos e "muitos estão chorando". Ziulkoski falou ainda que não adianta o governo garantir o mesmo valor de repasse nominal do FPM do ano passado, pois as prefeituras tiveram de arcar com aumento de salário do funcionalismo e com despesas, como combustível. "Três mil prefeitos terão a ficha suja sem cometer um erro", disse.
O prefeito Vagner Sales (PMDB), de Cruzeiro do Sul, cidade de 80 mil moradores no Acre, disse que teve um aumento de 10% de despesas de custeio e pessoal nos últimos 12 meses. No ano passado, a prefeitura recebeu R$ 14 milhões de repasse do FPM. De janeiro a outubro deste ano, o repasse chegou a R$ 12 milhões. Sales avalia que até dezembro o valor não chegará à quantia recebida em 2011. "É cômodo para o governo isentar o IPI deixar a indústria automobilística feliz e repassar a conta para os municípios", afirma.
Já a prefeita Maria Elizabet Santos de Souza (PP), de Cristais, município de 12 mil habitantes do sul de Minas Gerais, estima que já perdeu neste ano com as isenções entre R$ 400 mil a R$ 600 mil. "Corro o risco de não fechar as contas, pois vou ter uma queda de arrecadação de aproximadamente R$ 1 milhão", disse. "As decisões tomadas pela presidente na área econômica não foram boas para os municípios.".