Às vésperas de sua aposentadoria compulsória aos 70 anos, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, afirmou nesta terça-feira que não está frustrado porque deixará a Corte antes do final do julgamento do mensalão. "Sempre foi minha vontade tocar esse processo em um ritmo compatível com presteza e segurança. Se não puder proclamar o resultado, não será um problema. O ministro Joaquim Barbosa o fará e isso não me frustra em nada", afirmou Ayres Britto no intervalo de sua última sessão como presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Nesta terça-feira, no final da sessão do conselho, ele fez um discurso emocionado e deu recados. Disse que em um órgão colegiado deve ser mantida "alta taxa de cordialidade e gentileza" porque "aí o processo flui". Na véspera, o relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski, desentenderam-se seriamente. Lewandowski chegou a abandonar o plenário. "O derramamento de bílis não combina com a produção de neurônios", acrescentou Ayres Britto.
Em seu discurso, o presidente do STF e do CNJ falou sobre a remuneração dos juízes. Ele disse que o Judiciário "não é tratado remuneratoriamente à altura da superlatividade de seu papel". Ayres Britto afirmou que o custo de vida no Brasil é muito alto e que não é adequado comparar os salários dos magistrados daqui com os de outros países.