Se a pressão do governo federal não impedir a apreciação do projeto de lei que acaba com o fator previdenciário, uma fórmula que reduz o valor da aposentadoria paga aos trabalhadores de acordo com o tempo de serviço, o texto deve ir a votação esta semana na Câmara dos Deputados. Pelo menos é o que prometeu o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS). Maia colocou o projeto na pauta do plenário a contragosto do governo. Mas ainda não se sabe se a proposição vai mesmo chegar a ser votada. Na semana passada, ele disse que ainda tentava “costurar um acordo” com o Palácio do Planalto. Nessa segunda-feira, o deputado deixou a Casa sem dar entrevistas. “O governo vai tentar impedir a votação”, assegurou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), relator da matéria.
Leia Mais
Representantes dos aposentados cobram votação de projeto sobre fator previdenciário Câmara deve votar esta semana marco civil da internet e fim do fator previdenciário Votação dos royalties e do fim do fator previdenciário ficam para o segundo semestreCentrais sindicais divulgam nota cobrando votação do projeto que acaba fator previdenciárioGoverno quer evitar votação sobre fator previdenciárioGoverno tenta evitar votação sobre fator previdenciárioA alegação do governo para tentar impedir a votação é o receio de que a aprovação do texto dê margem para ações judiciais com pedidos de equiparação das aposentadorias já concedidas às novas regras. Arnaldo Sá duvida que essa seja a principal razão. Mas alerta que o fim do fator previdenciário pode provocar uma avalanche de pedidos de aposentadoria. “Há uma demanda represada de cerca de 1 milhão de pessoas.
A pressão pelo fim da regra – criada pela Lei 9.876, de novembro de 1999 para desestimular aposentadorias precoces – é antiga. Em 2010, o Congresso chegou a aprovar uma proposta nesse sentido, mas o texto foi vetado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para calcular a aposentadoria, o fator previdenciário leva em conta a idade do trabalhador ao pedir o benefício, o tempo de contribuição e a expectativa de vida. Quanto menor a idade da pessoa ao se aposentar, mais baixo será o valor a ser recebido.
O assunto foi discutido nessa segunda-feira em audiência pública na Comissão de Direitos Humano (CDH) do Senado. O senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da CDH, também está esperançoso. “Agora que o movimento sindical está concordando com essa negociação, eu espero que, aprovado na Câmara, o Senado aprove ainda em dezembro e o projeto vá para a sanção. Com isso, estaremos livres desse famigerado e cruel fator previdenciário.” E garantiu: “Nem que eu tenha que entrar em greve de fome aqui, vão ter que aprovar”.
Para tentar forçar a votação, a Força Sindical anunciou que centenas de sindicalistas participarão de um ato, hoje, às 14h, na Câmara dos Deputados. (Com agências).