A bancada do PT na Câmara Municipal de Belo Horizonte vai rachada para a próxima legislatura, que começa em janeiro. As diferenças entre os parlamentares do partido já começam a aparecer em discursos e votações em plenário. Apesar de a legenda ter saído das urnas derrotado e defendendo uma oposição forte ao prefeito reeleito Marcio Lacerda (PSB), os vereadores Tarcísio Caixeta (PT) e Silvinho Rezende (PT), que também conseguiram novo mandato, ao contrário dos seus colegas de partido, dão sinais de que não mudaram de lado. Na sessão plenária dessa segunda-feira, os dois e o vereador João Locadora (PT) ajudaram na aprovação das contas da prefeitura de 2010.
Em defesa do prefeito saíram os vereadores Preto (DEM) e Daniel Nepomuceno (PSB). “É fácil criticar uma fala e esquecer o passado de quatro anos” ressaltou Nepomuceno. “O prefeito estava lá, ele mostrou a cara”, acrescentou Preto. Silvinho e Caixeta, apesar de presentes em plenário, não se manifestaram nem a favor nem contra. Ainda na contramão dos outros petistas, os dois não votaram pela derrubada do veto do prefeito ao projeto de lei de autoria do vereador Léo Burguês (PSDB) que “institui a política municipal de fomento à criação do Polo dos Esportes Radicais e de Aventura”. Enquanto Silvinho votou com outros seis vereadores da base do prefeito pela manutenção do veto, Caixeta se absteve. Com 21 votos favoráveis, Léo Burguês acabou conseguindo derrubar a canetada de Lacerda.
Só elogios Segundo um vereador petista, que preferiu não ser identificado, Caixeta não esconde a simpatia pela gestão de Lacerda durante os encontros da bancada, defendendo com frequência os projetos do Executivo. Já Silvinho “fica sempre na dele”, comparou o parlamentar. Nos bastidores do PT, há especulações de que Caixeta vá deixar a legenda e se filiar a um partido em criação, para não correr o risco de ter o mandato cassado. “Isso não procede”, garantiu o vereador. A ligação dele e de Silvinho Rezende com a PBH vai além das votações em plenário. Os dois são os únicos vereadores petistas que mantêm indicados em cargos municipais depois do rompimento entre PT e PSB.
Na cota de Caixeta, quatro nomes ocupam a prefeitura. Entre eles, o diretor de Habitação da Urbel, José Flávio Gomes, que foi chefe de gabinete do parlamentar por dois anos. Caixeta mantém indicados também nas regionais Noroeste e Oeste, segundo informações de dirigentes do PT. “Eu demito ou contrato gente no meu gabinete. Na prefeitura, quem exonera e nomeia é o prefeito Marcio Lacerda”, esquivou-se. Segundo ele, José Flávio Gomes é indicação do partido.
O vereador Silvinho Rezende também mantém quatro indicações na Regional Venda Nova, principal reduto eleitoral do parlamentar. Na lista está uma parceira antiga: Agda Maria de Jesus Francisco. Ela foi presidente e tesoureira da creche Benedita Hilídia da Silva Rezende, fundada pelo político. Na prefeitura, Agda ocupa o cargo de gerente de Políticas Sociais da Regional Venda Nova. Silvinho justifica que seus indicados não foram cortados da PBH por “não se envolverem em campanha política”. Ele acrescentou: “Eu entendo que eles devem estar prestando um bom serviço”.
Projetos aprovados
Além da aprovação das contas de da PBH, os vereadores aprovaram ontem em plenário quatro projetos, entre eles o que determina que o professor afastado da sala de aula com base em laudo médico da Gerência de Saúde do Servidor e Perícia Médica (GSPM) permaneça no quadro de magistério, com as mesmas jornadas de trabalho do seu cargo, férias e recessos. O objetivo do projeto, aprovado em primeiro turno, é eliminar discrepâncias na aposentadoria dos professores readaptados da rede pública de ensino. Hoje, em caso de licença ou afastamento para tratamento de saúde, esses educadores perdem o direito à aposentadoria especial por não ser considerado o tempo de efetivo exercício nas funções de magistério.