Ao contrário dos tradicionais terno e gravata, traje comumente usado pelos deputados na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira um avental e uma roupa de babá chamaram a atenção na Casa. O uniforme foi levado ao plenário pelos deputados Rogério Correia (PT) e Sávio Souza Cruz (PMDB) para ironizar a declaração do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda(PSB), que disse que faltou a prefeitura “ter sido um pouco mais babá”, ao comentar os estragos do temporal que atingiu a capital na última quinta-feira. Segundo os parlamentares, a roupa seria um presente para Lacerda e para o seu próximo vice, o deputado Délio Malheiros (PV).
Para Sávio Souza Cruz a declaração do prefeito foi uma “falta de respeito” com a população da capital que sofreu com as chuvas da última da semana. Ele tratou como “obrigação” do líder do Executivo cuidar dos problemas que afetam a população. “Ninguém o obrigou a ser candidato”, indagou Cruz e completou em tom indignado: “Não trate com ironia a camada mais carente da população”. O deputado Rogério Correia também participou do protesto e criticou a atitude do prefeito. “Eu acho que as babas cuidam mais dos nossos filhos e netos do que o prefeito cuida da população”, atacou.
Pouco antes do protesto, o deputado Délio Malheiros foi visto na Assembleia, mas após oa manifestação ele não foi mais visto circulando pelo plenário. Por telefone a reportagem tentou contato com Malheiros, mas ele não atendeu as ligações. Já assessoria do parlamentar informou que ele não vai comentar o assunto.
Reação dos Legislativos
Nessa segunda-feira o assunto também foi abordado no plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). Assim como na ALMG, os vereadores da oposição foram ao microfone para protestar contra a “falta de sensibilidade”, como classificou Adriano Ventura - líder do PT na Câmara -, a atitude da Lacerda.
Polêmica
Durante o temporal da semana passada um homem morreu após o carro que ele conduzia cair dentro de um córrego no Bairro Castelo, na região Noroeste da cidade. O prefeito reagiu com irritação ao ser questionado sobre o fato de que o poder público não agiu a tempo de evitar prejuízos, diante da previsão de temporais, nos pontos onde os problemas são conhecidos. “Se é assim, nós falhamos. Nós devíamos ter sido um pouco mais babás dos cidadãos, para que eles não corressem riscos”, disse.
O socialista calcula que para sanar os problemas dos 80 pontos de inundação da capital serão necessárias obras que demandam de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões. O prefeito informou que, na atual gestão, que termina este ano, foram investidos quase R$ 500 milhões em intervenções já concluídas, e somadas as que estão em projeto e licitação, o valor chega a R$ 1,1 bilhão.