O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), pediu no relatório final dos trabalhos o indiciamento de Antônio Pires Perillo, irmão do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), por ter trabalhado "intensamente" para beneficiar o grupo criminoso comandado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos o Carlinhos Cachoeira. O texto, que foi apresentado nesta terça-feira (20 por volta das 23h e deve ser lido por Odair Cunha nesta quarta-feira em sessão da CPI, defende a investigação de Toninho Perillo, como é conhecido o irmão do governador goiano, pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, tráfico de influência e fraude em licitações.
O relator da comissão diz no texto que, durante as investigações descobriu-se que Toninho Perillo era uma das pessoas para as quais o grupo de Cachoeira repassou um rádio Nextel, acreditando não ser possível ter as ligações interceptadas. Pelo parentesco, segundo o deputado da CPI, o Toninho era a "pessoa ideal para facilitar os interesses comuns de Carlos Cachoeira e Marconi Perillo".
Odair Cunha afirma que o irmão do governador de Goiás intermediava negociações envolvendo obras públicas no Estado, chegando até a discutir a divisão de lotes de determinada licitação entre interessados. Em um caso apresentado no relatório, o deputado menciona um episódio em que, a partir de interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal, Toninho teria atuado na fraude de uma licitação para pavimentação de rodovias no Estado, supostamente combinando a apresentação de propostas entre empresas ligadas ao grupo de Cachoeira.
"Verifica-se, à exaustão, que Antônio Pires Perillo associou-se de forma livre e consciente à organização criminosa chefiada por Carlos Cachoeira e trabalhou intensamente, até mesmo em função de sua influência junto ao chefe do Poder Executivo goiano, seu irmão, Marconi Perillo, para beneficiar, de diversas maneiras, o grupo criminoso", concluiu Cunha, no relatório.
Cunha pede o envio do relatório para o Ministério Público de Goiás para apurar a atuação de Toninho. Sugere ainda que a Receita Federal analise a situação fiscal e patrimonial dele a fim de verificar "eventuais consistências e incompatibilidades".