A posse nesta quinta-feira do ministro Joaquim Barbosa na Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) como o primeiro negro a assumir a condução de um dos três poderes que sustentam a democracia no país está longe de retratar a realidade dessa parcela da população brasileira. A ascensão de Barbosa no Judiciário brasileiro não encontra eco no Legislativo e no Executivo. Desde a criação da Câmara dos Deputados no Brasil, em 1891, passaram pela sua presidência 46 parlamentares, nenhum deles afrodescendente, assim como no Senado: durante toda a sua existência houve 62 presidentes brancos. O cenário se repete no comando da nação, que já esteve nas mãos de um operário e está nas mãos de uma mulher, mas ainda não contemplou os negros. A explicação pode estar na baixa representatividade deles na política brasileira. O último levantamento da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, no Congresso, dos 513 deputados, somente 43 se autodeclaram negros ou pardos e dos 81 senadores, apenas dois. Em Minas, somente uma das 77 cadeiras do Legislativo é ocupada por um afrodescendente: Neilando Pimenta.
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Coincidência ou não com a data história, a presidente Dilma Rousseff (PT) deve anunciar, até o fim do mês, a criação de um amplo pacote de ações de inclusão, entre eles a adoção de cotas para negros no funcionalismo federal. A medida, defendida pela própria petista, atingiria tanto os cargos comissionados como os concursados. O percentual da reserva será definida após avaliação das áreas jurídica e econômica da Casa Civil, já em andamento.
Entre os procuradores e policiais federais, a porcentagem é a mesma com 2% de negros nas carreiras e 12% de pardos. Do total de 3.863 procuradores, 69 são negros e 455 pardos. Já na PF, são 16 policias negros e 126 pardos, Os dados constam do Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape), em 2 de maio de 2012.
Artistas na posse
Mais de 1,2 mil dos 2,5 mil convidados confirmaram presença na posse de Joaquim Barbosa no cargo de presidente do STF, que terá como um dos pontos altos o Hino Nacional interpretado pelo cantor Hamilton de Holanda. A disputada solenidade vai contar com a presença de autoridades e celebridades, como os atores Regina Casé, Taís Araújo, Milton Gonçalves e Lázaro Ramos. Também estarão na cerimônia o cantor Djavan e o ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, além de familiares, amigos brasileiros e estrangeiros, antigos chefes de Barbosa e ativistas de movimentos afrodescendentes, como o Educafro. A lista de convidados ganhou novos nomes até a noite de ontem.