Jornal Estado de Minas

PT mineiro busca seu 'Haddad' para concorrer as eleições


Nem o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias, nem o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel. Marcado por rachas internos, principalmente em razão da polarização que o partido criou entre suas duas principais lideranças no estado, o PT de Minas Gerais está à procura de uma espécie de “Haddad mineiro” (referência ao prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad). Ou seja, um nome que possa se apresentar como novidade e assumir a condição de candidato ao governo de Minas em 2014 personificado como a opção da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes disso, o trabalho é de unificação. O partido dispensa as prévias que até então só renderam campanhas com boicotes de aliados e quer a escolha de quem vai tomar a frente na briga com o PSDB até o início do ano que vem.

Os estragos das últimas disputas internas foram visíveis. Rachado, o partido foi excluído da aliança com o PSB do prefeito Marcio Lacerda, que trazia junto o PSDB do senador Aécio Neves, e lançou aos 45 minutos do segundo tempo Patrus candidato à Prefeitura de BH. Perdeu. Antes, em 2010, a derrota foi com a candidatura de Hélio Costa (PMDB) ao governo, que tinha o petista como vice.
Nesse cenário, os bastidores dão conta de que Patrus estaria disposto a se candidatar em 2014, mas a deputado federal. Já Pimentel ficaria em dificuldades de se contrapor frontalmente a Aécio, já que foi o principal articulador da aliança com o então governador mineiro em 2008. Lideranças avaliam que seria melhor para ele permanecer no ministério.

O discurso que parece se tornar uníssono na legenda é o de que os tucanos, como nunca antes na história deste país, são os inimigos. Principalmente, pelo fato de Aécio ser o provável concorrente de Dilma na sucessão presidencial de 2014, a ordem no partido é tirar a mistura que ficou por causa da aliança em BH com o PSDB. Enquanto as estruturas se reorganizam, os grupos Coerência e Resistência Petista lançaram ontem um manifesto em prol da unidade programática do partido e defendendo uma candidatura forte para combater os tucanos.

Em plenária no auditório do Crea, eles defenderam a união já para o processo de eleições internas (PED) do PT em 2013 e pela formação de um programa de governo e da busca por um nome que o represente. Querem um palanque para a presidente Dilma em Minas. Para o prefeito de Coronel Fabriciano, Chico Simões, a derrota em Belo Horizonte foi a conta pelos erros que descaracterizaram o PT como partido de esquerda.
A chamada coalizão do governo da petista também favoreceu, já que os tucanos se aliaram a partidos da base de Dilma principalmente no segundo turno para derrotar os petistas. Simões criticou a condução do Diretório Estadual do PT. “Se tivemos três reuniões foi muito e foi para discutir bobagem.” Já o deputado federal Padre João creditou a derrota à falta de unidade.

Divisor Para o presidente municipal do partido e principal articulador da candidatura própria na capital mineira, Roberto Carvalho, a ruptura com a gestão Lacerda foi um divisor de águas que recoloca o PT na condição de principal rival do PSDB em Minas. “Estamos resgatando o palanque da presidente Dilma em BH. Acho que ainda este ano ou até no início do próximo devemos definir um candidato”, afirmou. Carvalho é contra a legenda fazer novas prévias, o que para ele é considerado um “suicídio”. O dirigente também afirmou que o partido deve se impor e não se curvar mais às intervenções da direção nacional.

O ministro Fernando Pimentel e o ex-ministro Patrus Ananias foram convidados, para o encontro em Belo Horizonte, mas só Patrus compareceu. Ele disse que não é candidato a nada e que pretende fazer uma peregrinação pelas bases do partido no estado no ano que vem.
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