Jornal Estado de Minas

Homem de confiança da presidente em situação delicada, após operação da PF

Brasília – Homem de confiança da presidente Dilma Rousseff, tratado como figura imprescindível dentro do governo, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, está numa situação extremamente delicada. Mesmo respaldado pelo Palácio do Planalto após a Operação Porto Seguro, recai sobre ele a responsabilidade de ter bancado a nomeação de José Weber Holanda Alves para o cargo de adjunto, sabendo que o subordinado já havia perdido o cargo de chefe da Procuradoria-Geral federal, em 2003, por suspeita de participação em transações envolvendo desvio de dinheiro público. Fontes palacianas apontam que é preciso esperar a poeira baixar para que o futuro dele seja definido. Ontem, Adams participou de reunião com a presidente no Palácio da Alvorada. No entanto, não se pronunciou sobre o assunto. A expectativa é de que ele fale a respeito do caso amanhã.

Luís Inácio Adams foi nomeado advogado-geral da União em 2009, pelo então presidente Lula, mas já exercia cargos no alto escalão da esfera federal desde o início do mandato da maior estrela petista. Foi secretário executivo adjunto do Ministério do Planejamento em 2004 e procurador-geral da Fazenda Nacional em 2006. Recentemente, chegou a ser cotado para substituir um dos agora ministros aposentados do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto e Cezar Peluso.
A própria Dilma descartou a indicação para não ter de abrir mão de Adams como auxiliar do governo. Na avaliação da presidente, ele teve atuação fundamental na condução da greve dos servidores públicos no meio do ano e é um dos responsáveis pela elaboração dos pacotes que estão sendo preparados para portos e aeroportos.

Auxiliares da presidente afirmam que ainda é cedo para avaliar o quanto o indiciamento de José Weber Holanda Alves pode respingar em Adams. Depois do escândalo em 2003, Weber retornou à cúpula da AGU no fim de 2009. Porém, a Casa Civil, então comandada por Dilma, vetou a indicação, justamente por causa do histórico de Weber. Ele foi, então, alocado no cargo de assessor do gabinete de Adams. Com a saída de Dilma Rousseff da Casa Civil para disputar as eleições presidenciais, Adams conseguiu, finalmente, emplacar José Weber, em julho de 2010, como seu substituto na estrutura hierárquica do órgão. Quem autorizou a nomeação foi a substituta de Dilma na Casa Civil, Erenice Guerra, que caiu dois meses depois, também por envolvimento em denúncias de corrupção.
(Colaborou JV).