As investidas do PSDB nas centrais sindicais, tradicional reduto dos petistas, começam a render frutos ao partido. Apesar de um resultado ainda tímido, os tucanos conseguiram eleger seus primeiros vereadores ligados a entidades trabalhistas. O partido concentra forças, desde o ano passado, em quebrar o monopólio dos petistas nos sindicatos, projeto do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para se fortalecer na corrida presidencial de 2014. A eleição municipal foi o primeiro teste desse esforço. De 80 candidatos lançados pela ala sindicalista do PSDB às prefeituras, vice-prefeituras e câmaras municipais pelo país, 15 obtiveram êxito nos legislativos, entre eles seis mineiros.
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PSDB critica desfecho da CPI do CachoeiraPT e PSDB apoiam proporcionalidade em pleito de mesa da Cãmara de São Paulo Construtoras dominam doações para PT e PSDBGoverno libera R$ 160 milhões para centrais sindicaisDe 10 senadores do PT, 6 usam verba pública para IRCom sede em Belo Horizonte, o PSDB Sindical de Minas, lançado em agosto do ano passado, está presente em Poços de Caldas, Contagem, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Juiz de Fora, Uberlândia, Divinópolis, Varginha, Pouso Alegre, Sete Lagoas e Ribeirão das Neves. O braço sindical tucano começou com 120 filiados e hoje tem 190. “Temos filiados ligados a vários setores, como a indústria têxtil, construção civil, mineração, bancos e comércio”, exemplificou, acrescentando que a entidade conta com 22 dirigentes ligados à Força Sindical, Nova Central Sindical dos Trabalhadores e União Geral dos Trabalhadores, presidida em Minas pelo deputado federal Ademir Camilo (PSD).
Farpas O presidente do PSDB em Minas, deputado federal Marcus Pestana, ressalta que o PSDB, “ao contrário do PT, não pretende o aparelhamento do movimento sindical”.
Para o presidente do PT em Minas, deputado federal Reginaldo Lopes, a investida tucana não preocupa o partido. “O movimento sindical sempre teve uma parte atrelada à luta da esquerda e outra parte ligada ao empregador, mais pelego”, entende Lopes. “São sindicalistas que não têm concepção de classe”, analisa.
O sonho é tomar a CUT
O presidente licenciado do PSDB sindical, Rogério Fernandes, contou que este ano a Força Sindical venceu a CUT nas disputas pela presidência de entidades sindicais no interior do estado.
Nos bastidores do PSDB e do PT, a conversa é que os tucanos querem chegar à direção dos principais sindicatos mineiros: Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Minas Gerais (Sindágua), Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro), Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-Ute) e ainda na capital tenta integrar o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel).
Infiltrados Um boletim divulgado no site do Sindibel chama a atenção para as tentativas de filiados ao PSDB de presidir a entidade. “Após várias derrotas para a Presidência da República, os tucanos resolveram se infiltrar no movimento sindical para usar sindicatos, centrais e trabalhadores para enfraquecer as lutas dos servidores e alimentar o projeto do PSDB (sic). Conseguiram cooptar algumas pequenas centrais sindicais, sindicatos e dirigentes, infelizmente inclusive alguns do Sindibel”, admite o texto. Nele, é destacado o fato de o ex-presidente do sindicato e atual presidente do Sindicato Intermunicipal dos Fiscais Sanitários da Região Metropolitana de Belo Horizonte ter se filiado ao PSDB em maio e de ter assumido a coordenação dos núcleos de saúde e sindical na campanha de reeleição de Marcio Lacerda.
No Sindieletro, o diretor-geral, Zairo Nogueira Filho, disse ter percebido uma movimentação tucana para concorrer às eleições do sindicato,realizadas no primeiro semestre. De acordo com ele, o PSDB não conseguiu montar uma chapa porque o estatuto da entidade prevê que ela tenha integrantes em todas as regiões. “A nossa eleição acabou sendo chapa única”, destacou, acrescentando que a estratégia dos tucanos agora é tentar desqualificar a direção atual e desvalorizar o sindicato para vencer uma eleição no futuro.