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Estado de Minas

Grupo de arapongas queria extorquir e fazer dossiês para campanhas eleitorais, diz PF


postado em 28/11/2012 10:25 / atualizado em 28/11/2012 10:29

A Polícia Federal suspeita que os arapongas presos pela Operação Durkheim estavam a serviço de um grupo criminoso com duas frentes de ação, uma voltada para a prática de extorsões e estelionato, outra dedicada à venda de dossiês para campanhas eleitorais. Na última segunda-feira, a Polícia Federal desmontou a máquina de grampos telefônicos e telemáticos e coleta ilegal de dados protegidos pelo sigilo - bancários, tributários e patrimoniais. Cerca de 180 políticos e empresários são vítimas da rede de espionagem.

“Espero que a Polícia Federal identifique os mandantes. Esses caras que estão presos não são os mandantes, são meros executores”, avalia o senador Eduardo Braga (PMDB), líder do governo no Senado, alvo dos arapongas.

Um indício de que o aparato de grampos tem mandante é o e-mail enviado em 27 de fevereiro por Maikel Jorge a Aldo Barretis. Eles tratam do rastreamento do ex-ministro e atual secretário executivo da Previdência Social, Carlos Gabas. “Falei com o cliente agora sobre o min. Ele disse que estão interessados em coisas envolvendo ele e o caso Bancoop. Pelo que vi no Google faz quase 20 anos. Bem, vamos ver.”

Bancoop é a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, fundada por um núcleo do PT. O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) foi monitorado. O juiz Márcio Ferro Catapani, da 2.ª Vara Criminal Federal, decretou a prisão de 33 investigados, entre eles Itamar Damião, veterano araponga.

“O vasto material probatório colhido ao longo das interceptações aponta o investigado Itamar Damião como líder dessa organização criminosa”, assevera Catapani. “Descortinou-se grande esquema criminoso de venda de informações sigilosas. As investigações desvelaram complexa rede composta de outros intermediadores e por um grande número de agentes fornecedores de informações sigilosas.”

“Eu não tenho a menor ideia de quem está querendo me espionar”, disse o senador Braga. “É atitude deplorável, mas tenho a consciência tranquila. Quem pagar por informações sobre meu imposto de renda é um idiota porque os dados são públicos. O pior é pagarem por meus extratos telefônicos. Ali está o histórico de todas as minhas ligações. É arapongagem. São ratos.”

Kassab disse não ter sofrido chantagem e elogiou a PF. “Não tenho preocupação porque não faço nada de errado. Quero dar parabéns à Polícia Federal.”

Em nota, a advogada Priscila Fonseca destaca que foi alvo da operação “exclusivamente porque duas profissionais autônomas, investigadas, no passado prestaram serviços para esse escritório voltados à obtenção de informações registrarias públicas”. “A operação não investiga as atividades desta banca de advocacia.”


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