O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), admitiu nessa terça-feira que poderá retirar o nome do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, da lista de pedidos de investigação do seu relatório. Após reunião com diversos parlamentares da base governista que fizeram parte da CPMI, Cunha disse que está negociando o texto final que será apresentado amanhã (28) e que deverá fazer as alterações antes da reunião da comissão.
“As questões que são centrais, nós vamos continuar defendendo. O tema da análise da conduta do procurador-geral da República e o tema da conduta de jornalistas não são questões centrais da nossa investigação. A questão central é a organização criminosa, seu modus operandi, seu sistema de financiamento. É isso que nós queremos debater. Temas não centrais do nosso relatório podem ser negociados e é por isso que eu estou me reunindo com os parlamentares”, disse o relator.
Após admitir retirar nomes do seu relatório, Cunha disse que “dificilmente” irá concordar em incluir pessoas na lista de pedidos de indiciamentos. Questionado sobre a cobrança de alguns parlamentares de oposição para que ele também citasse o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o dono da construtora Delta, Fernando Cavendish, o relator disse que eles não fizeram parte da investigação da CPMI.
“Todas as condutas que foram analisadas por nós estão no nosso relatório. A questão do governador Sérgio Cabral, por exemplo, é uma conduta que nós investigamos na CPMI, exatamente por isso, não deve ser analisada sob o ponto de vista de indiciamento”, disse Cunha.
Sobre o governador de Goiás, Marconi Perillo, no entanto, Odair Cunha disse que ele teve relações com a organização criminosa e que foi investigado pela CPMI, por isso continuará constando de seu relatório. Perillo consta da lista de pessoas para as quais o relator pede indiciamento ao Ministério Público.
A CPMI do Cachoeira investigou as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar uma quadrilha que explorava jogos ilegais em Goiás, com agentes públicos e privados. Entre os agentes públicos investigados estão governadores, o ex-senador Demóstenes Torres, deputados, policiais que eram corrompidos pela quadrilha, entre outros. Diversas empresas eram utilizadas pela quadrilha para lavar dinheiro, intermediar pagamentos de corrupção e fraudar licitações públicas.
A Delta, que tem diversos contratos com o governo federal e governos estaduais, é acusada de fazer parte do esquema e consta no relatório de Odair Cunha. O texto deveria ter sido lido na semana passada, mas foi adiada para esta semana. A expectativa é que o relator feche acordos até amanhã que possibilitem a leitura e votação do relatório.