Interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal em duas operações mostram que a ex-chefe de gabinete da Presidência Rosemary Nóvoa de Noronha fez gestões para ajudar pessoas próximas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rose, como a ex-assessora é conhecida, citou os nomes do ex-presidente do PT José Genoino e do médico de Lula e da presidente Dilma Rousseff, Roberto Kalil.
Em 5 de outubro, os investigadores anotaram no relatório uma conversa em que ela tentava resolver o trâmite de um porte de arma para o então segurança de Genoino, que à época presidia o partido. “Rose fala que está precisando de duas coisas. Uma é o porte de arma para o motorista do deputado, presidente do Partido dos Trabalhadores.” Segundo a PF, Castilho explicou o procedimento e disse que “leva em mãos e se tiver algum óbice resolve”. Ela disse que ficaria “no aguardo dessa coisa do Genoino”.
No outro diálogo, em 14 de setembro, Rose repreende Castilho. Ela tentara falar com ele mais cedo sobre uma multa da Receita Federal aplicada à mãe de Kalil no desembarque de uma viagem a Paris, pela manhã.
Nos autos da Operação Porto Seguro, deflagrada na sexta-feira, constam dois e-mails em que Rose cobra do diretor afastado da Agência Nacional de Águas, Paulo Vieira, um favor para Cláudia Cozer, mulher de Kalil e médica pessoal de Rose. Ele deveria acessar Esmeraldo Malheiro dos Santos, consultor jurídico do Ministério da Educação que, segundo a PF, atuava com a quadrilha. O assunto do e-mail era “Faculdade-ES: Dra. Cláudia”. O favor a ser feito não fica claro.
Tanto Genoino quanto Kalil disseram que Rose falou em seus nomes sem que eles tivessem feito qualquer pedido. A assessoria de Cláudia Cozer afirmou que não se manifestaria porque não teve acesso aos autos. Rose e Castilho não foram encontrados.