Brasília - O advogado-geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, disse nesta quinta-feira que não tem motivos para colocar o cargo à disposição, e que não se sente ameaçado pelas investigações da Polícia Federal (PF), na Operação Porto Seguro. Porém, ele considera que o caso "afetou a credibilidade" da AGU e, para tirar o órgão dessa “situação difícil”, anunciou algumas medidas que serão adotadas pela entidade.
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Entidade é contra projeto de reforma de lei da AGUSegundo na hierarquia da AGU já tinha perdido cargo no fim de 2009Adjunto da AGU é alvo da operação Porto Seguro da Polícia FederalAGU nega envolvimento de advogado-geral da União na Operação Porto SeguroOperação Porto Seguro: oposição prepara ofensiva em depoimentos no CongressoVieira queria trocar pareceres por apoio a candidatura própria a deputado federalNo Congresso, Cardozo terá árdua missão ao falar da Operação Porto SeguroAcusados de fraudar pareceres técnicos vão ser ouvidos no SenadoMiinistro da Advocacia-Geral da União Adams está na corda bamba“Minha preocupação hoje não é com credibilidade pessoal, mas com a credibilidade da instituição, que tem de continuar funcionando, que tem papel fundamental , e que vai ter de responder às demandas que vêm sendo apresentadas. É uma situação difícil. Agora, é fundamental identificarmos onde estão os erros, corrigi-los e usar instrumentos para minimizar ocorrências desse tipo. Existe uma perplexidade na AGU e, ao mesmo tempo, uma determinação em corrigir essa situação”, disse.
Entre os investigados pela operação policia está o então advogado-geral adjunto da AGU José Weber de Holanda, que foi exonerado do cargo e afastado das funções até a conclusão das investigações, reveladas na última sexta-feira (23). Todos os pareceres que tiveram algum tipo de participação de Weber, e em que sejam identificados quaisquer desvios ou erros de atuação, serão revistos. Weber prestava assessoria direta a Adams.
Até o momento, tendo por base o inquérito da PF ao qual teve acesso, Adams disse não haver indicação de envolvimento de nenhum outro servidor da AGU no caso. “Do ponto de vista da instituição, adotamos duas medidas: pente-fino nos procedimentos internos, de forma a apurar se houve erros ou desvios de procedimento na elaboração do processo de decisão; e buscar, no prazo de 15 dias, fixar algumas medidas internas que procurem neutralizar essas situações de demandas que vêm para a AGU”, disse o advogado.
Adams antecipou algumas das medidas. “Entre elas, estão a de reduzir as fragilidades identificadas; identificar responsáveis por consultas; formalizar as consultas com essa identificação; dar divulgação desse responsável; e proibir conversas ou diálogos sobre manifestações da AGU fora da instituição e com pessoas que não estão participando desse debate”, disse.
O advogado-geral apontou dois documentos suspeitos, nos quais Weber exerceu influência. “Temos um despacho de afloramento, destinado à ocupação da Ilha das Cabras, no litoral norte de São Paulo, que entendemos como não adequado, mas que já foi suspenso; e há também um pedido de avocação de um processo para reanálise na AGU, relativo à Ilha de Bagres ”. Este último havia sido encaminhado ao Ministério do Planejamento. Após as denúncias, a AGU fez pedido de desconsideração.
Os pareceres tiveram a aprovação do consultor-geral da União, Arnaldo Sampaio de Godoy, que se disse “absolutamente ultrajado” pela “traição” de Weber, pessoa que tinha, até então, sua confiança. “Eu assinei o parecer e estou assumindo publicamente.
Adams disse estar “magoado, chocado e triste” com Weber. No entanto, ainda acredita que ele tenha condições de esclarecer o caso, e que possa ser inocentado. “Mas se for identificada administrativamente ou judicialmente algum erro, que ele seja punido”, sentenciou..