Jornal Estado de Minas

Miinistro da Advocacia-Geral da União Adams está na corda bamba

Denise Rothenburg

Brasília – Sob os holofotes desde sexta-feira, quando um de seus principais assessores foi indiciado pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro, o ministro da Advocacia Geral da União, Luís Inácio Adams, afirmou estar “magoado, chocado e triste” com o envolvimento do ex-adjunto José Weber Holanda Alves. “Parece que ele extrapolou em vários momentos suas funções”, disse o ministro. Adams referiu-se especificamente ao fato de Weber ter encaminhado pelo menos um parecer — sobre a ocupação da Ilha das Cabras, no litoral paulista, de interesse do ex-senador Gilberto Miranda — para análise de Paulo Vieira, diretor afastado da Agência Nacional de Águas (ANA), apontado como chefe do grupo que encomendava laudos técnicos em benefício de terceiros. “Ele (Weber) não deveria ter feito isso. Não necessariamente é crime, mas é algo reprovável. Não vou entrar no mérito do crime”, afirmou o ministro, que desde o início da semana promove com sua equipe um pente-fino em todos os pareceres que tiveram influência ou participação do ex-adjunto.

O ministro explicou que as investigações estão a cargo do corregedor da AGU, Ademar Passos Veiga. Até o momento, foram identificados apenas três ações que tiveram relação com o caso, duas referentes a ilhas em São Paulo — a Ilha de Bagres, onde o  ex-senador Miranda pretende começar um negócio, e a Ilha das Cabras, na qual Miranda tem uma casa e um heliporto. A ilha pertence à União, portanto caberia à AGU emitir parecer sobre sua ocupação.
“Estamos analisando diálogo por diálogo. Todos os que têm relação com a AGU serão objeto de análise”, comentou Veiga, referindo-se às conversas entre os investigados. “Se soubéssemos antes, teríamos impedido”, comentou o ministro, avisando que esses pareceres já foram suspensos.

Luís Inácio Adams contou que conheceu Weber quando este era assessor de Bonifácio de Andrada, hoje subprocurador-geral da República. Adams lembrou que convidou o ex-assessor para a equipe assim que assumiu a AGU. Na época, Weber respondia a um processo que acabou arquivado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Saída

O ministro afirmou que não colocou seu cargo à disposição – “Não acho que exista motivo para isso” –, mas admitiu que sua relação com o Planalto foi abalada. “Minha relação com a presidente é profissional, não pessoal.
Ela disse que eu apurasse, identificasse e punisse os culpados. É o que estamos fazendo”, disse, acrescentando que em 30 anos de carreira nunca precisou de apoio político..