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Estado de Minas

Operação Porto Seguro- A estreita ligação entre Rose e Lula

Para investigadores, o motivo do poder da ex-secretária estava na relação íntima com o ex-presidente. Relatório da PF detalha, ano a ano, pedidos feitos e recebidos por ela


postado em 02/12/2012 00:12 / atualizado em 02/12/2012 07:37

São Paulo e Brasília – O relatório da Operação Porto Seguro, deflagrada pela Polícia Federal, traz um intricado roteiro de trocas de favores entre a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Nóvoa de Noronha e os chefes da quadrilha que negociava pareceres técnicos fraudulentos, Paulo e Rubens Vieira, ex-diretores da Agência Nacional de Águas (ANA) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), respectivamente. A polícia destrinchou, ano a ano, as vantagens concedidas e exigidas por Rosemary, mulher de 57 anos que transita no Partido dos Trabalhadores desde o início dos anos 1990, quando trabalhava como secretária do então presidente nacional do PT, José Dirceu.

Para os investigadores, Rosemary era mais importante que o cargo que ocupava. A facilidade com que se movimentava dentro da quadrilha e do governo pode ser creditada a uma relação íntima com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o Ministério Público Federal, parceiro da PF nas investigações, Rosemary interferiu diretamente na nomeação de Paulo e Rubens Vieira para as agências de regulação. Nos e-mails interceptados pelos investigadores, a ex-chefe de gabinete da presidência se coloca como mulher de trânsito direto com Lula e José Dirceu. Em março de 2009, Rosemary escreve a Paulo e diz: “O PR (presidente) falou comigo hoje e disse que na terça-feira, quando voltar dos EUA (Estados Unidos) resolve tudo do seu caso”. Mais adiante ela pergunta: “Não vem para a festa do JD (José Dirceu)?”. Em outra conversa por e-mail, sobre o cargo na ANA, Paulo diz a Rosemary que um pedido pessoal dela a José Dirceu, “tratando a questão como de interesse pessoal” dela, “ganha muito mais força”, o que endossa que Rose não era uma simples chefe de gabinete.

Rosemary conheceu Lula em 1993. No ano seguinte, ela fez parte da equipe da segunda campanha presidencial de Lula, tornando-se logo depois secretária de José Dirceu, braço direito do ex-presidente até o estouro do caso do mensalão. Eleito em 2002, Lula levou Rose para trabalhar com ele no escritório da presidência em São Paulo, onde recebia salário de R$ 11,1 mil. Foi mantida no cargo no mandato de Dilma Rousseff a pedido do antecessor. Na gestão passada, era a única funcionária do gabinete da presidência em São Paulo a participar das comitivas oficiais nas viagens presidenciais, mas só viajava quando a então primeira-dama, Marisa Letícia, não estava presente. Policiais federais, em tom de chiste, referem-se à Operação Porto Seguro como “Operação Marisa”.

Em diversas situações, Rose chegou a ficar hospedada no mesmo hotel que Lula. Foi assim em Córdoba (Argentina), em 2006; em Lisboa, em 2007 e 2009; em Santiago, em 2007; em Madri, em 2008; e em Montevidéu, em 2008. A hospedagem de Rosemary também coincidiu com a do então presidente em 2009 em Caracas, na Cidade da Guatemala e em Havana. Em 2010, ela voltou a ficar no mesmo hotel que Lula dormiu em Paris. A PF chegou a incluir no relatório fotografia de Rosemary e Lula.


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