Baptista Chagas de Almeida
Tudo começou como uma brincadeira. Presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), o ex-senador Tasso Jereissati (CE), mestre de cerimônias do encontro dos caciques tucanos com os prefeitos eleitos do PSDB, nessa segunda-feira, em Brasília, abriu os trabalhos dizendo que o senador Aécio Neves “não é candidato a presidente da República, não é candidato a presidente do partido”. Era a senha de que outros líderes da legenda precisavam para pressionar o presidenciável mineiro.
Não era mera coincidência. Além de Tasso falou o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), que não despistou e muito menos economizou em suas palavras: “O senador Aécio é o candidato da grande maioria do PSDB. Ele deve ser o presidente do partido, é o chefe que precisamos e o líder que desejamos. Não estamos diminuindo ninguém, mas Aécio é o candidato que o PSDB tem para presidente da República”.
Em seguida, foi a vez do presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, do alto de sua experiência no comando do Palácio do Planalto por dois mandatos. “Aécio tem que mostrar disposição para percorrer o país, deixar claro que é nosso candidato a presidente”, discursou FHC, que já havia defendido, 15 dias atrás, que o mineiro assumisse também a presidência nacional do PSDB, para ter mais visibilidade.
O roteiro foi seguido à risca. Falaram em nome do PSDB aos prefeitos eleitos o presidente do ITV, organizador do evento, o presidente nacional do PSDB e o presidente de honra do partido. Tasso Jereissati, Sérgio Guerra e Fernando Henrique Cardoso bateram na mesma tecla.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) até que tentou despistar. Chegou a alegar que não conhecia na “história de nenhum país civilizado uma pessoa que se proclama líder”. Fernando Henrique, ao seu lado, não perdeu a caminhada: “Eu é que estou te proclamando”. Meio sem jeito, Aécio continuou cauteloso, mas admitiu: “Cumprirei meu papel como sempre cumpri, sem ser açodado”.
E voltou a bater na tecla de que o partido só deve lançar candidato em 2014. Antes, é preciso apresentar propostas, programas de governo que falem de gestão. “Temos uma grande agenda para ser construída.”
A tentativa de Aécio de adiar a campanha não convenceu seus pares. Em maio, acaba o mandato de Sérgio Guerra na presidência do partido. Aécio deve assumir o cargo.
No primeiro semestre do ano que vem, no segundo e no primeiro de 2014 o partido terá 40 inserções em propagandas de 20 segundos em rede nacional de televisão e programas de 10 minutos de duração. Um grupo de tucanos defende concentrar no candidato a maior parte das aparições.
O senador mineiro continuou com sua tática e tentava se esquivar de qualquer compromisso. Não adiantou. Na fila para o almoço foi tão assediado, mas tão assediado, que foi obrigado a deixar o local. Foi almoçar em casa.