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Estado de Minas

Operação Porto Seguro: oposição prepara ofensiva em depoimentos no Congresso

Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, presta depoimento na Câmara dos Deputados ao mesmo tempo em que serão apresentados no Congresso pedidos para ouvir Rosemary Noronha


postado em 04/12/2012 00:12 / atualizado em 04/12/2012 07:11

Paulo de Tarso Lyra e Adriana Caitano

Brasília – A expectativa do governo de que a crise política provocada pela Operação Porto Seguro arrefecesse no fim de semana não se concretizou e a base aliada terá que se desdobrar novamente esta semana para evitar o convite para que a ex-chefe de gabinete da Presidência Rosemary Noronha vá ao Congresso explicar suas conexões com a quadrilha e com pessoas influentes no PT, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Governistas temem ainda que a situação se agrave ainda mais se os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, não forem convincentes em suas explicações aos parlamentares.

O ministro da Justiça estará hoje em uma audiência conjunta das Comissões de Segurança Pública e Fiscalização e Controle da Câmara. Amanhã, Cardozo e Adams falarão às mesmas comissões – sessões conjuntas das comissões de Constituição e Justiça e Fiscalização e Controle – só que em horários diferentes. O primeiro estará no Senado às 11h. O segundo, às 14h30.

A oposição vai manter a tática de guerrilha adotada na semana passada à espera de um cochilo do governo. Na semana passada a estratégia deu certo, com o convite feito ao ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Rubens Vieira, um dos indiciados pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro. A proposta foi aprovada na Comissão de Infraestrutura do Senado.

Em diversas comissões da Câmara foram espalhados pelo menos cinco requerimentos de convite a Rose. Dois deles são direcionados diretamente à ex-chefe de gabinete. Outro pede a presença do ex-marido dela José Claudio Noronha, que conseguiu, com o auxílio de Rose, uma nomeação para a Brasilprev e para a BB Seguros. Outros dois requerem informações do governo sobre a emissão do passaporte especial de Rosemary – ela fez 24 viagens internacionais ao lado do ex-presidente. Além disso, os deputados querem explicações sobre a contratação de uma empreiteira da família de Rose pelo Banco do Brasil.

O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), reforça a tese governista de que não há necessidade de convite ou convocação de pessoas acusadas de integrar o esquema. “Os funcionários citados já foram demitidos pela presidente e os integrantes das agências reguladoras afastados, ou seja, as medidas já foram tomadas, deixa a polícia apurar o restante”, minimizou. Tatto sinaliza que a base continuará tentando a todo custo blindar principalmente Rosemary. “A Câmara não pode virar palco político de delegacia e vamos tomar providências no sentido de evitar que isso aconteça.”

EXPLICAÇÕES A Comissão de Ética Pública da Presidência da República definiu ontem que quatro indiciados pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro deverão enviar explicações ao colegiado. Rosemary Noronha; o ex-advogado adjunto da Advocacia-Geral da União José Weber Holanda; e os irmãos Paulo e Rubens Vieira poderão sofrer censura pública da comissão caso as justificativas sejam rejeitadas. Eles terão 10 dias, após serem notificados, para se pronunciar. A próxima reunião da comissão, que também decidiu pedir informações à 5ª Vara Criminal de São Paulo para obter o inquérito da Operação Porto Seguro, deverá ocorrer dia 16.

Nessa segunda-feira, a AGU apresentou o resultado do levantamento realizado nos atos assinados por José Weber. O “pente-fino” identificou 23 pedidos de audiência a José Weber pelo ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Vieira. Foram detectados ainda dois agendamentos com o ex-senador Gilberto Miranda. No entanto, não é possível certificar se esses encontros de fato ocorreram. (Colaborou Leandro Kleber)


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