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Estado de Minas

Ministro da Justiça nega interferência do governo federal na Polícia Federal

Ministro da Justiça afirma, em depoimento na Câmara, que a PF não sofre pressão política nas investigações


postado em 05/12/2012 00:12 / atualizado em 05/12/2012 07:14

Brasília – Em depoimento de sete horas na Comissão de Segurança Pública da Câmara, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deu nessa terça-feira a senha para a base aliada no Congresso blindar a ex-chefe de gabinete da Presidência da República Rosemary Noronha e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Cardozo, não existe nada, nas 11 mil páginas do inquérito da Operação Porto Seguro, que envolva o nome do ex-presidente Lula com a quadrilha desmontada pela Polícia Federal. Nem qualquer ligação telefônica entre Lula e Rose que tenha sido alvo de investigação. Acrescentou também que o sigilo telefônico da ex-chefe de gabinete não foi quebrado porque os investigadores entenderam que não havia razões técnicas para isso. “Além de não ser integrante formal da quadrilha, os crimes praticados por ela aconteceram em 2009 e 2010. Os demais continuaram praticando irregularidades”, justificou o ministro, garantindo que a Polícia Federal não sofre pressão política.

Por diversas vezes, especialmente após as intervenções de parlamentares da oposição, Cardozo foi obrigado a dizer que não houve qualquer favorecimento a Rosemary nem pressão política para que a PF poupasse a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em virtude de suas ligações com Lula e com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. “Tanto não houve proteção que ela foi indiciada duramente em três crimes, tráfico de influência, falsidade ideológica e corrupção ativa, e a mesa em que trabalhava no escritório em São Paulo foi alvo de busca e apreensão”, citou o ministro. Rose, na verdade, acabou indiciada por corrupção passiva.

Cardozo explicou que as investigações levaram ao indiciamento de cinco pessoas por formação de quadrilha: os irmãos Paulo, Rubens e Marcelo Vieira e os advogados Marcos Antônio Martorelli e Patrícia Santos Maciel Oliveira. “Ela (Rosemary), por exemplo, não tinha conexão com a ação da quadrilha junto ao ex-número dois da AGU José Weber de Holanda”, completou o ministro. “Foram utilizados critérios técnicos, não políticos ou jornalísticos”, acrescentou Cardozo.

A oposição não saiu muito convencida sobre a “participação menor” de Rose na quadrilha da Operação Porto Seguro. “Ministro, ela interferiu diretamente nas indicações de pessoas que foram sabatinadas pelo Senado para ocupar cargos nas agências reguladoras. Foram essas pessoas que, posteriormente, passaram a cometer crimes e a relação de troca de favores entre ela e os demais integrantes do grupo era constante”, protestou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).


Assinaturas O PPS começou ontem a recolher as assinaturas para a instalação de uma CPI para investigar os desdobramentos da Operação Porto Seguro. “Não é de hoje que essa senhora vinha agindo dentro do governo. Ela trabalhou anos com José Dirceu e estava, desde 2003, desde o primeiro dia do governo do PT, na Presidência da República. Nos estranha o motivo de Rosemary não ter sido alvo de interceptações telefônicas e de quebras de sigilo”, declarou o líder do PPS na Casa, Rubens Bueno (PR). No Senado, a oposição também começou a recolher assinaturas.

O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), disse existir uma “névoa” em torno das explicações dadas por Cardozo ao Congresso. “Em outras operações da PF foram grampeadas pessoas que não tinham relação direta com o caso”, lembrou o tucano. Durante o depoimento, Bruno traçou um paralelo entre a Operação Porto Seguro e o julgamento do mensalão, estranhando a proteção a uma pessoa que tinha tanta intimidade com a quadrilha. “Genoino (José Genoino, condenado pelo Supremo Tribunal Federal) deve estar se sentido injustiçado. Ele foi incluído na formação de quadrilha e Rose, não”, ironizou o líder do PSDB.

Hoje, Cardozo estará no Senado, ao lado do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. Ontem à noite, das 20h às 21h15, o ministro da Justiça esteve no Palácio do Planalto para um encontro com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Ao término da reunião, ninguém concedeu entrevista. (Colaboraram Adriana Caitano e Juliana Braga)


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