Relator do processo do mensalão, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, disse nesta quinta-feira que ninguém mais aguenta o julgamento que começou em 2 de agosto, já consumiu 51 sessões plenárias da Corte e levou à condenação de 25 dos 37 réus. "Eu acredito que a nação não aguenta mais este julgamento. Está na hora de acabar, está na hora. Como diriam os ingleses, let's move on (vamos em frente)", reclamou.
Ao longo dos últimos quatro meses de julgamento, esse não foi o único momento de tensão entre relator e revisor nem a única oportunidade em que o presidente demonstrou estar cansado do julgamento. A previsão inicial era de que o julgamento demorasse semanas. Mas, como os debates se alongaram, todos os prognósticos não se cumpriram. Nesses quatro meses, dois ministros aposentaram-se compulsoriamente. E o relator, que sofre de problemas crônicos no quadril, deixou transparecer por várias vezes o desconforto com a demora.
Um dos episódios mais emblemático da tensão provocada pelo julgamento ocorreu logo no início do julgamento, em agosto. Joaquim Barbosa acusou Lewandowski de "deslealdade" após o colega ter votado a favor do desmembramento do processo, um assunto que tinha sido debatido pelo tribunal anteriormente. O revisor afirmou que o termo usado era muito forte, que se sentia atacado pessoalmente e que o episódio indicava que o julgamento seria "muito tumultuado".
O clima de tensão esteve presente no plenário da Corte quase que durante todo o julgamento do processo que já é recordista em duração. O fato de relator e revisor terem opiniões diferentes em relação à culpa dos réus, às penas e às consequências das condenações foi o principal fator de acirramento dos ânimos em várias situações.