Daniel Camargos
No Dia Internacional de Combate à Corrupção, celebradonesse domingo, o pedido da sociedade foi que os tribunais julguem os políticos e que os corruptos sejam barrados pela Lei da Ficha Limpa e não assumam o cargo nem possam disputar outras eleições nos próximos anos. O coordenador do comitê mineiro do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Anivaldo Matias de Souza, se reuniu ontem com outros coordenadores da entidade e preparou uma carta para ser entregue ao presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Joaquim Herculano Rodrigues. O objetivo é tornar a Ficha Limpa uma realidade, julgando e punindo os políticos que têm processos em tramitação. “Para alcançar esse objetivo, torna-se imperioso o julgamento dos processos que tratam dos temas abarcados pela Lei da Ficha Limpa e que tramitam nesste tribunal, para que a lei possa ser efetivamente aplicada”, relata a carta, que será entregue ao presidente do TJMG depois de amanhã.
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Em Brasília, o Dia Internacional de Combate à Corrupção foi comemorado com uma corrida que reuniu cerca de 1,2 mil atletas inscritos, além dos que participaram, informalmente, no Eixo Monumental, uma das principais vias da cidade. Os atletas aproveitaram a competição para celebrar medidas de combate à corrupção, como a Lei da Ficha Limpa e o julgamento do mensalão.
Ziller Henrique, um dos organizadores da corrida e auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), disse que a Corrida contra a Corrupção não foi criada para ser mais um protesto: “O evento é para celebrar os avanços consistentes que temos visto ao longo dos anos no combate à corrupção e dar mais visibilidade ao movimento”. Para Jovita Rosa, presidente do Instituto Finanças e Controle (IFC), entidade que organizou a corrida e coordena o Movimento Nacional da Ficha Limpa, a mobilização social já mostra resultados. “A gente percebe que o movimento está fazendo uma Primavera Brasileira (referência à Primavera Árabe, movimento popular que derrubou ditaduras em países islâmicos) sem derramamento de sangue, de forma pacífica, propositiva, e vamos avançar e vencer a corrupção.”
REFORMA O juiz Marlon Reis, um dos coordenadores nacionais do MCCE, rede com mais de 50 entidades nacionais, a sociedade deve se mobilizar para a reforma política. “Todo mundo fala que a reforma política é fundamental no país, então temos que começar a agir de acordo com essa convicção. Não se deve esperar pelo Congresso Nacional apenas. A sociedade pode se articular e se mobilizar para esse fim”, disse o juiz.
Marlon Reis explicou que um dos efeitos práticos da reforma política será a transparência no processo de financiamento das campanhas.
Cachoeira
O relator da CPI do Cachoeira, deputado federal Odair Cunha (PT-MG), cedeu à pressão dos chamados parlamentares independentes e já admite alterar ainda mais o relatório final da comissão. A duas semanas do encerramento dos trabalhos e sem garantias de que o documento será aprovado, ele estuda incluir detalhes sobre as 21 empresas de fachada ligadas ao grupo criminoso. Elas foram supostamente usadas para movimentar recursos ilegais da Delta Construções. Criada para avançar nas apurações da Polícia Federal sobre as relações de Cachoeira com políticos, a CPI evitou o aprofundamento ao engavetar requerimentos para a quebra de sigilos de inúmeras empresas e aliados políticos.