Paulo de Tarso Lyra e Juliana Braga
Brasília – A oposição protocolou ontem na Procuradoria Geral da República um novo pedido de abertura de ação penal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Representantes do PSDB, do DEM e do PPS já haviam feito o mesmo requerimento há dois meses. Decidiram retornar ao Ministério Público após as novas denúncias feitas pelo empresário Marcos Valério, afirmando que Lula deu o aval para o mensalão e teve parte das despesas pessoais pagas com dinheiro do esquema.
De acordo com o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), o resultado final do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) também contribuiu para o requerimento de ontem. “Os ministros comprovaram que parte dos recursos utilizados no esquema tem origem ilícita, o que agrava a situação do ex-presidente”, declarou Dias.
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Indignação
Lula está “indignado” com as acusações de Valério, disse ontem o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. “Ele está sem nenhum medo, só profundamente indignado com a atitude desse senhor e impressionado com a credibilidade que, de repente, esse que era uma espécie de fábrica de males, passou a ter agora, tido como um legítimo e digno acusador”, afirmou Carvalho, amigo do ex-presidente. Chefe de gabinete durante os oito anos em que Lula ficou no Planalto, Carvalho negou a existência de pagamentos de despesas pessoais do ex-presidente por meio do esquema e disse que quem se envolveu com o empresário já foi penalizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro insinuou haver inconsistências no depoimento do empresário. “Ele erra inclusive a geografia interna, que é um detalhe, mas os detalhes também contam aqui no Palácio (do Planalto).” No relatório da Procuradoria Geral da República consta que Marcos Valério disse que, após reunião com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, subiu uma escada para ir ao gabinete do então presidente Lula.
Por sua vez, o presidente do PT, Rui Falcão, publicou vídeo conclamando a militância a “expressar sua indignação” ao que chama de “sucessão de mentiras envelhecidas”.
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