Jornal Estado de Minas

Base aliada do governo dribla pedido da oposição para ouvir Valério

Brasília – Em ação articulada, a base aliada do governo conseguiu adiar ontem a votação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, para convocar o empresário Marcos Valério a prestar esclarecimentos sobre as acusações de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu aval para o mensalão. A oposição, entretanto, mantém a intenção de investigar o caso e protocolou representação na Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo a investigação de Lula. As denúncias foram feitas em depoimento dado à própria PGR por Valério, considerado o operador do esquema de pagamento de propinas a deputados da base aliada de Lula em troca de apoio no Congresso.

Após se recusar a colocar em votação a convocação de Valério, o presidente da CCJ do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), prometeu colocar o assunto em pauta antes do recesso parlamentar, que começa no fim do mês. A base do governo, que é majoritária, está mobilizada para impedir a aprovação do requerimento. Um dos autores do requerimento, o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), ressaltou a importância de aprovar o pedido, mas disse ter ficado satisfeito com a promessa de que ele será colocado em votação até o fim do ano.

 Mais tarde, na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, parlamentares da base também evitaram a convocação dos ministros da Advocacia-Geral da União, Luís Inácio Adams, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, além do convite à ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, derrotando requerimentos apresentados pela oposição.

Numa manobra articulada com o senador Fernando Collor (PTB-AL), a base do governo conseguiu ainda aprovar convites para que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso prestem depoimentos à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência. Por se tratar de convites, eles não são obrigados a comparecer.

O convite a Gurgel, proposto por Fernando Collor, tem como justificativa ouvi-lo sobre as relações entre o Ministério Público e a Polícia Federal. Já o requerimento relativo ao ex-presidente, de autoria do líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), pretende esclarecer os procedimentos adotados em seu governo em relação à gestão de Furnas e da Eletrobras.

“Se eles querem guerra, vão ter! É a primeira vez que participo desta comissão e gostei”, afirmou o deputado.

A comissão não é convocada com regularidade. Esta foi sua terceira reunião em 2012. É composta por apenas seis integrantes, quatro deles da base do governo. Os requerimentos para os convites a Gurgel e FHC não estavam previstos na pauta da comissão, e foram incluídos durante a sessão, após acerto entre o líder do PT na Câmara, Tatto, e Collor, que preside a comissão.

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