Novos detalhes do depoimento do empresário Marcos Valério, à Procuradoria-Geral da República, em setembro deste ano, e divulgados nesta quinta-feira pela Agência Estado, revelam que que Valério teria repassado a uma empresa do ex-assessor da Presidência Freud Godoy cerca de R$ 100 mil, no início de 2003, para pagar gastos pessoais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Marcos Valério diz que esquema pagou despesas de LulaLula diz que denúncia de Marcos Valério é mentiraOposição usa a Procuradoria-Geral da República contra LulaFreud Godoy, ex-assessor de Lula, abre mão de sigiloPT diz não temer delação premiada de Paulo VieiraCármen Lúcia diz desconfiar de acusação de Marcos ValérioFreud disse oficialmente, dois anos atrás, que os serviços foram prestados em eventos que o partido promoveu para comemorar a primeira vitória de Lula nas urnas, em outubro do ano anterior.
“Nos meses de novembro e dezembro houve vários eventos de comemoração que o Partido dos Trabalhadores fez, e quando chegou em janeiro, tínhamos um saldo, um valor para receber, que estava em atraso do Partido dos Trabalhadores”, relatou ele à CPI da Bancoop, que funcionou na Assembleia Legislativa de São Paulo na última legislatura.
“Foi pedido que essa empresa SMPB pagasse à Caso Sistema de Segurança. A Caso foi paga pela SMPB, pelos eventos que foram feitos na época”, afirmou à época.
A Caso Sistema de Segurança é uma empresa de vigilância de propriedade da mulher de Freud, Simone, e do cunhado, Kleber, mas na prática é comandada pelo ex-assessor de Lula. A SMPB, por sua vez, é uma das agências de publicidade de Valério que compuseram o valerioduto e irrigaram o mensalão. Bancoop
O ex-assessor da Presidência Freud Godoy recebeu, entre 2005 e 2006, no auge do escândalo do mensalão, R$ 1,5 milhão da Bancoop cooperativa habitacional do Sindicato dos Bancários de São Paulo, como pagamento por serviços de segurança. Os pagamentos foram feitos em 11 cheques entregues à Caso Sistemas de Segurança, empresa de propriedade da mulher de Freud e de um cunhado dele. A contratação foi feita quando o presidente da Bancoop era João Vaccari Neto, hoje tesoureiro do PT Nacional.
Vaccari afirmou, em um depoimento à CPI das ONGs do Senado, em maio de 2010, que precisou substituir a empresa anterior porque precisava de segurança armada para proteger materiais valiosos nas obras. Contudo, um mês depois, em depoimento à CPI da Bancoop, na Assembleia paulista, Freud Godoy contradisse a versão de Vaccari e negou que seus funcionários trabalhassem armados. “Não armados. Nós estamos renovando o certificado nosso agora, para poder dar entrada.” Pelo menos até junho de 2010, a Caso ainda fazia a segurança das obras da Bancoop, mas, segundo Freud, em volume menor.