Foi por água abaixo a esperança do Rio de Janeiro e Espírito Santo, que contavam com a ampla maioria da base governista para impedir a derrubada do veto presidencial à nova distribuição dos royalties do petróleo. Nessa quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff, afirmou, em Moscou, na Rússia, que não há mais o que fazer para evitar a queda do seu veto e a nova partilha dos recursos. “Já fiz todos os pleitos, o maior deles foi vetar. Não tenho mais o que fazer. Não vou impedir que ninguém vote de acordo com sua consciência”, disse. Ela descartou qualquer pressão na base aliada para impedir a votação e considerou democrática a mobilização das 24 bancadas dos estados não produtores para apreciar sua decisão.
Com a derrubada do veto praticamente certa na votação marcada para a semana que vem, parlamentares fluminenses resolveram levar a disputa pelos royalties para a Justiça. Insatisfeitos com a aprovação do pedido de urgência na sessão conjunta da Câmara e do Senado na quarta-feira, três parlamentares protocolaram pedidos para invalidar os 408 votos que defenderam a prioridade para a votação do veto.
Leia Mais
Presidente Dilma diz que não tolera corrupçãoEm entrevista ao Le Monde, Dilma defende LulaViagem oficial de Dilma a Moscou termina na sexta-feiraEm Paris, presidente Dilma defende cooperação para sair da criseCongresso adia para 2013 votação do veto dos royalties do petróleoCongresso manobra para votar hoje divisão dos royalties do petróleoDeputado que recorreu ao STF comemora decisão de Fux sobre royaltiesMinistro do STF suspende votação do veto à divisão dos royaltiesCongresso analisa nesta terça-feira vetos aos royalties do petróleoSarney deve falar com Dilma antes de sessão, diz RoseDilma diz que reduzir burocracia é um dos desafios do BrasilNa Rússia,Dilma diz que País está aberto a investimentosPresidente do Congresso decide hoje se convoca sessão para votar veto dos royaltiesDilma se reúne com Putin e assina acordos nas áreas de educação, ciência e tecnologiaDilma vetou parte do projeto porque ele altera a distribuição de royalties de contratos em vigor, o que seria ilegal por ferir direitos adquiridos.
Ao mesmo tempo em que a presidente deixava claro que não atuaria para impedir a votação de seu veto, parlamentares fluminenses se anteciparam às discussões sobre o mérito do projeto que distribui os royalties de forma mais igualitária entre estados e municípios e protocolaram no Supremo Tribunal Federal (STF) pedidos para anular a sessão que aprovou a urgência do tema. Com aval do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), o senador Lindbergh Faria (PT-RJ) e o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) impetraram um mandado de segurança questionando a legalidade da reunião de quarta-feira. O argumento, parecido com o usado pelo deputado Alessandro Molon (PT-RJ), que também entrou com um pedido no STF, é de que vetos que não foram apreciados em 30 dias, de acordo com a Constituição federal, não poderiam ser votados antes dos outros vetos em pauta. Como são mais de 3 mil vetos pendentes, os parlamentares fluminenses defendem que só será possível apreciar a questão dos royalties depois de o Congresso limpar toda a pauta.
RAPIDEZ A bancada do Rio reclama também que o requerimento de urgência não estava na pauta do dia e por isso não poderia ter sido votado na sessão de quarta-feira, quando foi aprovado por dois terços das duas Casas. Outro deputado que deve entrar na Justiça para impedir a mudança na divisão dos repasses dos royalties é Hugo Leal (PSC-RJ). Sérgio Cabral também voltou a ameaçar levar a disputa para os tribunais. Ao criticar a rapidez dos parlamentares para votar o veto, Cabral informou que já tem pronta uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) para levar ao Supremo caso o Congresso derrube a posição do governo federal.
As ameaças dos cariocas, no entanto, são vistas como normais por parlamentares que defendem a divisão mais justa dos recursos, mas eles consideram que isso não vai atrapalhar a tramitação do projeto.