Brasília – A presidente Dilma Rousseff disse em entrevista ao jornal francês Le Monde que não tolera corrupção. Ela ponderou, porém, que corrupção "é um flagelo que afeta todos os países". "Eu não tolero a corrupção e meu governo também não. Se há uma suspeita justificada, a pessoa deve sair. É claro, não devemos confundir investigações com caça às bruxas, própria de regimes autoritários ou de exceção", disse Dilma em entrevista publicada ontem.
O periódico destacou as novas revelações do operador do esquema, Marcos Valério, condenado a mais de 40 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal. Em busca de uma sentença mais branda, Valério prestou depoimento à Procuradoria Geral da República e ligou Lula ao mensalão, dizendo, entre outras acusações, que repassou dinheiro para bancar despesas pessoais do ex-presidente. Assim como Dilma, ministros do governo têm desqualificado as denúncias dizendo que elas não passam de uma mera tentativa de atacar Lula.
Ao jornal francês, Dilma disse ainda que todos os que usam recursos públicos devem prestar contas, "caso contrário, a corrupção se espalha". A presidente afirmou que é preciso ser "proativo" e lembrou que o governo federal criou o Portal da Transparência, onde os gastos do governo são lançados diariamente.
Defesa
O secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, negou ontem que a presidente Dilma Rousseff tenha pedido que integrantes do governo saíssem em defesa de Lula. Carvalho, que é amigo do ex-presidente, disse que ministros reagiram sem um pedido de Dilma. "Efetivamente não houve uma orientação da presidente para ministro ou quem quer que seja falasse. Ela fez foi uma defesa do presidente Lula e cada de um nós reagiu segundo seu senso de justiça e indignação", disse o ministro.
Recurso negado
O Supremo Tribunal Federal (STF) negou por unanimidade o último recurso apresentado pelo deputado Natan Donadon (PMDB-RO) contra condenação imposta a ele em 28 de outubro de 2010 por peculato e formação de quadrilha. Ele pegou 13 anos, quatro meses e 10 dias de reclusão, mas não foi preso porque o recurso ainda não tinha sido julgado pela Corte. Após a publicação da decisão, que deverá ocorrer até março, o STF pode determinar a prisão de Donadon. O Ministério Público Federal não pediu a cassação do mandato, portanto, o STF não discutiu o tema. A defesa do parlamentar avisou que vai pedir a revisão criminal do processo, com o argumento de que outros condenados pelas mesmas irregularidades foram julgados por tribunais de primeira instância e punidos com um ano e três meses. A pena prescreveu e todos saíram ilesos. A defesa quer o mesmo tratamento para Donadon.