A doença do ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), deve adiar para o próximo ano a conclusão do julgamento do escândalo do mensalão – esquema de pagamento de propina a parlamentares da base aliada em troca de apoio político ao primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mello está internado em um hospital de Brasília desde a noite de da última qurata-feira, por causa de uma forte gripe e suspeita de pneumonia. De acordo com os médicos, ele deve passar pelo menos 48 horas internado.
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Pneumonia de ministro adia fim do julgamento do mensalão no STFJulgamento do mensalão pode terminar hojeDeputados condenados no mensalão podem recorrer da decisão do STFCondenados no processo do mensalão vão ficar até duas décadas inelegíveisMinistro Celso Mello abre sessão do STF para definir perda de mandato de deputadosPresidência da Câmara pode pagar multa se descumprir sentença do STFResultado do mensalão deve ser publicado no início de 2013, diz ministraSTF prevê pressão parlamentar sobre novo ministro a ser indicado por DilmaMinistro Celso Mello deve deixar hospital hojeO voto de Mello vai pôr fim à divisão da Corte na questão da cassação dos mandatos dos deputados condenados. A última sessão de julgamento da Ação Penal 470 terminou em empate. Quatro ministros foram favoráveis à cassação pelo Poder Judiciário e outros quatro defenderam a tese de que somente a Câmara pode fazê-lo. O que dividiu os ministros do Supremo foi a interpretação distinta de dois artigos da Constituição, o 15 e o 55.
Polêmicas
A demora na conclusão dos trabalhos de julgamento do escândalo do mensalão, que pode avançar para o próximo ano, deve gerar outras polêmicas. Em janeiro, os prefeitos eleitos tomam posse, entre eles o deputado federal Carlinhos Almeida (PT-SP), que vai administrar São José dos Campos (SP). Em seu lugar assume o ex-presidente do PT, José Genoino (SP), que é suplente do petista. Genoino está condenado a seis anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e formação de quadrilha, além de multa de R$ 468 mil, por envolvimento no desvio de dinheiro público para a compra de votos. Dessa forma, os ministros terão que analisar também o caso dele.
O deputado João Paulo Cunha, que renunciou à sua candidatura a prefeito de Osasco (SP) depois de condenado, também vive situação mais delicada do que a de seus colegas parlamentares.
Embargos
Dessa forma, devido aos inúmeros atrasos, e, considerando que a conclusão dos trabalhos só virá depois da publicação dos acórdãos com a íntegra dos votos dos ministros e a análise dos embargos que deverão ser apresentados pela defesa, a expectativa é de que as sessões do mensalão avancem até o segundo semestre de 2013. Ontem, o advogado Leonardo Yarochewsky comentou que restando apenas duas sessões do mensalão fica difícil a conclusão antes do recesso de fim de ano. As atividades do Judicíário são retomadas somente no dia 2 de janeiro. O julgamento teve início no dia 2 de agosto e a expectativa era de conclusão até novembro, antes de Ayres Britto, deixar a presidência e a Corte, por causa da aposentadoria compulsória.
A situação de cada um
Veja como está o caso dos deputados com mandato condenados no processo do mensalão
Deputados federais
Valdemar Costa Neto, deputado pelo PR (ex-PL)
Condenado a sete anos e 10 meses por lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ao pagamento de multa de R$ 1,08 milhão
Pedro Henry, deputado pelo PP
Condenado a sete anos e dois meses de cadeia por lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ao pagamento de multa de R$ 932 mil
João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara e deputado pelo PT
Condenado a nove anos e quatro meses por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro e ao pagamento de multa de R$ 370 mil
Suplente de deputado federal
José Genoino, ex-presidente do PT
Condenado a seis anos e 11 meses de cadeia por corrupção ativa e formação de quadrilha e ao pagamento de multa de R$ 468 mil.
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