O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador Ivan Sartori, procurou o ex-senador Gilberto Miranda, indiciado pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro para articular sua indicação ao Supremo Tribunal Federal. O magistrado diz que foi orientado por um amigo a entrar em contato com Miranda, pois o ex-senador seria “ligado” ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB).
A investigação da PF captou diálogos por telefone e e-mail entre diversas autoridades e Gilberto Miranda, que foi indiciado por corrupção ativa na operação. Um dos nomes mencionados nas conversas é o de Sartori.
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O presidente do TJ-SP conversou com Miranda por telefone e se reuniu com ele duas vezes, do fim de outubro ao início de novembro deste ano.
O desembargador disse que foi uma vez ao escritório do ex-senador e que participou de um jantar em sua casa com ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e políticos ligados a Miranda para discutir a possibilidade de promover o nome de Sartori para uma vaga no STF.
“Alguns amigos sugeriram que eu fizesse um trabalho para ir ao Supremo e me levaram até o Gilberto Miranda, mas nada foi à frente. Não tenho ligação alguma com ele. Eu não o conhecia e nunca o tinha visto antes, mas mantive poucos contatos com ele. Quem me levou foi um ministro do STJ”, afirmou Sartori.
O desembargador disse que Miranda “se dispôs a fazer um trabalho político” pela indicação de seu nome ao Supremo.
O presidente do TJ-SP reiterou que discutiu com o ex-senador apenas uma possível indicação ao STF e afirmou que falou sobre o assunto com outras autoridades, como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e com o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams..