A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia disse nessa sexta-feira acreditar que o acórdão do processo do mensalão será publicado rapidamente, num prazo de 30 a 60 dias após o término do julgamento. "Há um relator que quer resolver com rapidez e ele é o presidente da Casa", lembrou, referindo-se ao ministro Joaquim Barbosa. A análise da Ação Penal 470 pode ser concluída na semana que vem. No entanto, caso isso não ocorra, o julgamento será retomado somente em fevereiro, após o recesso do Judiciário. Segundo Cármen Lúcia, os réus poderão começar a cumprir as penas em momentos distintos, uma vez que os possíveis recursos não serão julgados necessariamente em conjunto.
O julgamento foi suspenso na quarta-feira devido à internação do ministro Celso de Mello. Ele recebeu alta hospitalar ontem, mas os médicos vão avaliar se o decado da Corte poderá voltar ao trabalho de imediato e dar o voto de desempate sobre a cassação dos deputados condenados no processo: Valdemar Costa Neto (PR-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Na quinta-feira, o STF entra em recesso e até lá terá apenas duas sessões de plenárias dejulgamento.
Questionada se as declarações do empresário Marcos Valério sobre o suposto envolvimento de Lula com o mensalão merecem credibilidade, a ministra disse que, como mineira, tem sempre a característica de desconfiar de todo mundo.
Cármen Lúcia avisou que vai publicar na semana que vem a decisão final sobre condenação do deputado federal Natan Donadon (PMDB-RO) a 13 anos de cadeia. Como o prazo de cinco dias é interrompido durante o recesso, que começa na quinta-feira, o parlamentar deverá ser preso somente em fevereiro.
Menos de dois meses depois de comandar as eleições municipais, Cármen Lúcia, que é também a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contou ontem que o pleito foi uma "operação de guerra para garantir a paz". Em café da manhã com jornalistas, ela mostrou-se favorável à criação de mandatos para ministro do Supremo. “Discutir isso no Brasil seria muito bom. Os tribunais constitucionais europeus têm (mandato) de 9 a 12 anos.
Cármen Lúcia defendeu, porém, que a escolha de ministros do Supremo seja impessoal e sem influências políticas. "Acho que isso tudo tem que ser o mais impessoal possível. Só conheci o presidente Lula na hora da indicação", disse a ministra..