Paulo de Tarso Lyra
A dois anos das eleições presidenciais, o tempo para articulações políticas parece ter ficado para trás e os principais nomes que devem disputar o Palácio do Planalto em 2014 já colocaram seus discursos nas ruas. Especialmente depois do anúncio dos resultados pífios do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, da Operação Porto Seguro e de embates pontuais, como a medida que desonera a conta de luz e cria novas regras para as concessionárias de energia, cresceu o acirramento político entre os diversos atores, especialmente a presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
Mas as duas últimas pesquisas de opinião divulgadas – CNI/Ibope e Datafolha – ainda mostram um cenário confortável para Dilma, apesar da freada brusca da economia e do envolvimento do PT em escândalos de corrupção após a condenação dos caciques petistas no mensalão. Pelo Datafolha, Dilma tem 57% das intenções de voto, seguido por Lula, com 56%. Aécio tem apenas 3%. “Mesmo com todos os cenários adversos, Dilma ainda se mostra bastante favorita à reeleição”, disse o cientista político Rafael Cortez.
Vice-presidente do PSB, Roberto Amaral mantém o mantra eterno de seu partido de que não é o momento para discutir as eleições presidenciais de 2014. O presidente da legenda, Eduardo Campos, é colocado diariamente como um dos postulantes ao Planalto, mas esconde o jogo e diz que esse assunto só deve ser conduzido daqui a dois anos. “É muito perigoso antecipar esse debate. O país vive uma crise sem precedentes, o cenário econômico é adverso, temos problemas na geração de energia, o PIB crescerá bem menos que o resto do mundo. A quem interessa debater a sucessão presidencial agora?” indagou Amaral.
Para o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), um dos principais críticos à gestão de Dilma – ele teve papel destacado nos embates em torno da medida provisória da energia, defendendo os interesses do governo de São Paulo e da Cesp –, não há nada de errado na pressão e no aumento do tom oposicionista nos últimos meses, sobretudo com o julgamento do mensalão e com a deflagração da Operação Porto Seguro, que indiciou a ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha. “Por que devemos ficar calados diante do PIB, do mensalão e da Rose? Por que não é ano de eleição? Temos que denunciar isso tudo agora”, justificou.
O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), deu a senha na semana que passou após convidar o ex-presidente Fernando Henrique para uma audiência no Senado. “Se eles querem guerra, é guerra que vão ter”, resumiu.