No dia em que o Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento do mensalão, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino evitaram nessa segunda-feira dar declarações à imprensa e preferiram ouvir manifestações públicas de aliados contra a decisão da Corte de determinar a perda de mandato de parlamentares condenados no processo, em evento em São Paulo. Também considerado culpado pelo STF, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) participaria do debate, mas não apareceu no Sindicato dos Engenheiros.
“Não posso comentar decisão do Supremo”, afirmou Dirceu. O ex-ministro disse que só voltaria a falar com a imprensa no ano que vem: “Depois do Natal, do ano-novo, das festas de fim de ano vou dar muita entrevista. Vocês vão se cansar de me ouvir. Até lá, vou descansar”.
Na saída, comentou com Ari Sérgio, militante petista: “Agora o importante é reforçar o Marco Maia e depois é ir para a rua”. Ele se referia ao presidente da Câmara, que se manifestou contrário a acatar a decisão do STF de barrar os mandatos dos parlamentares condenados.
Um dos temas que Dirceu pretende abordar daqui para frente é uso de dinheiro público no esquema de compra de apoio no Congresso no primeiro governo Lula. Para os petistas, há provas de que os R$ 73,8 milhões do fundo Visanet foram usados em ações de publicidade.
Outro participante, o ator José de Abreu, disse estar preocupado com “a volta da delação como um ato eticamente perfeito”, em referência à delação em que o empresário Marcos Valério disse ter pago despesas pessoais de Lula, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo. O ator usou a frase que desde a semana passada é replicada nas redes sociais e, ontem, foi cantada por integrantes da União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B. “O presidente Lula não vai precisar sair do Instituto Lula. Quem vai defendê-lo somos nós! O Lula é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo.”