O fim do julgamento do mensalão põe na pauta do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o depoimento prestado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza no dia 24 de setembro. Já condenado pelo Supremo Tribunal Federal, Valério procurou espontaneamente o Ministério Público a fim de fazer novas acusações a respeito do esquema que funcionou entre os anos de 2003 e 2005.
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Gurgel deve recusar convite para ir ao Congresso NacionalGurgel decidirá se vai pedir a abertura de inquéritoGurgel pedirá perda imediata de mandato de condenados no mensalão Gurgel e jornalistas ficam de fora do relatório da CPI do Cachoeira"Nada deixará de ser apurado", diz Gurgel sobre depoimento de Marcos ValérioO conteúdo do depoimento de Valério foi revelado com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo na terça-feira da semana passada.
A decisão de Gurgel sobre uma eventual abertura de investigação criminal contra Lula tem ainda um ingrediente no horizonte: o fim do seu segundo mandato, em julho de 2013. A sucessão ao comando do Ministério Público pode permear a discussão sobre qual caminho seguir.
O depoimento do empresário não faz parte de nenhum processo em curso no Supremo e Gurgel terá de decidir se vai apurar a acusação, enviá-la a instâncias inferiores ou arquivá-la por falta de provas. Como ex-presidente, Lula não goza mais de foro privilegiado, o que pode levar o caso a ser remetido para análise da primeira instância.
Se adotar este caminho, Gurgel ficaria somente com a acusação contra o senador Humberto Costa (PT-PE), que teria sido um dos beneficiários do valerioduto, conforme o depoimento do empresário mineiro. A citação do senador petista abre uma porta para que o procurador-geral fique com toda a investigação. Assim a cúpula do Ministério Público teria o controle da apuração e poderia atuar de forma a evitar eventuais constrangimentos aos investigados.
Gurgel pode ainda enviar informações para processos que são desmembramentos da ação principal do mensalão.