Jornal Estado de Minas

Impasse sobre pontos do orçamento da União para 2013 adia votação

Impasse sobre alguns pontos da proposta orçamentária de 2013 adia votação da matéria. Ficou marcado para esta quinta-feira a votação do parecer final sobre o orçamento da União para o ano que vem. Na última terça-feira, o relator senador Romero Jucá (PMDB-RR) leu o texto no plenário da Comissão Mista de Orçamento. O presidente do colegiado, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), trabalhou para votar o relatório ainda na terça-feria, mas houve impasse na reunião dos líderes na comissão em relação a alguns pontos. Mesmo com o adiamento, Pimenta não descartou a possibilidade de um acordo partidário que possibilite a apreciação nesta quinta-feira.

Mesmo sem votação, a terça foi marcada por uma intensa movimentação do governo, pressionando para mudanças de última hora, e de parlamentares interessados em interferir no parecer final. O ponto mais importante do dia foi o envio, pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, de um ofício à comissão pedindo a alteração na proposta orçamentária  para incluir reajustes para os servidores públicos que não haviam sido beneficiados pelo acordo firmado pelo governo em agosto.

Segundo o ofício, os aumentos representam um impacto de R$ 901,3 milhões em 2013, e beneficiam servidores do Banco Central, Receita Federal, Incra, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Superintendência de Seguros Privados (Susep), policiais e bombeiros militares de antigos territórios, entre outras categorias. O ofício propõe alteração no anexo V da lei orçamentária, que traz as autorizações para os reajustes dos servidores.

O senador Jucá informou que o aumento não representará aumento de despesa na proposta orçamentária, já que o governo indicou, como fonte de compensação, cortes na programação da despesa com pessoal. Além de indicar as fontes, o governo terá de enviar ao Congresso um projeto alterando a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) em vigor (Lei 12.708/12).

A norma determina que o anexo V só pode contemplar propostas de aumento com tramitação iniciada em 31 de agosto. Como esse prazo passou, a lei terá de ser alterada para autorizar propostas de aumento com data posterior.

A mudança da LDO terá que ser aprovada antes da votação do Orçamento de 2013. Segundo Jucá, o mais provável é que os dois textos sejam analisados no mesmo dia, no Plenário do Congresso. Até à noite desta terça o projeto não havia sido protocolado na Mesa do Congresso.

Desoneração

O governo enviou também outro ofício solicitando a inclusão de uma renúncia de receita de R$ 10,6 bilhões. Para evitar impacto nas receitas primárias já estimadas pelo Congresso, no mesmo documento o governo propõe, como forma de compensação, acréscimos na arrecadação de participações e dividendos das estatais (R$ 6 bilhões) e de concessões (R$ 4,6 bilhões).

Segundo o texto, a renúncia será usada para beneficiar setores da economia no próximo ano, dando continuidade às medidas de desoneração aprofundadas este ano. Dos R$ 10,6 bilhões de desoneração, R$ 9,8 bilhões virão da redução de alíquotas do PIS/Cofins, e R$ 800 milhões da desoneração da folha de pagamento. A proposta orçamentária enviada em agosto já traz R$ 15,2 bilhões para compensar a Previdência Social por desonerações da folha.

Fundo partidário

Outra alteração discutida foi a ampliação dos recursos do Fundo Partidário.
A comissão aprovou uma autorização para que Jucá eleve em R$ 100 milhões a dotação do fundo, que na proposta orçamentária foi contemplado com R$ 232,7 milhões. Esse valor é inferior ao que foi autorizado no Orçamento de 2012 (R$ 324,7 milhões). Jucá relatou que foi procurado pela direção de diversos partidos para que a dotação do próximo ano se aproximasse do que está sendo executado neste ano.

Regimentalmente, Jucá só poderia fazer o acréscimo com mudança no parecer preliminar, de autoria dele, que foi aprovado em novembro na comissão. E para isso precisava da anuência, o que acabou conseguindo.

Com Agência Câmara.